Atendimento educacional especializado
para alunos cegos e com baixa visão
A troca de olhares, as expressões faciais, os gestos, a mímica, as imagens e o grafismo são componentes triviais e sutis do cotidiano. A sociedade é caracterizada pelo “visocentrismo”, isto é, a visão ocupa o topo dos sentidos e o centro das atenções e dos sistemas de expressão e comunicação humana.
Na escola, observa-se o mesmo fenômeno uma vez que a construção do conhecimento, os conteúdos escolares e as interações do sujeito com o objeto de conhecimento são permeados por componentes e referências visuais presentes na fala, no material impresso, nas metodologias, atividades, tarefas e em outros aspectos da organização do trabalho pedagógico.
A representação de um objeto ou conceito deve ser explicada e descrita verbalmente para ser compreendida e internalizada. Neste processo, a fala e os recursos não visuais consistem em uma das principais formas de mediação para a construção do conhecimento e a interpretação da realidade. A audição e o tato são os principais canais de informação utilizados pelas pessoas cegas. As características da visão e do tato são muito diferentes no que se refere à percepção de um estímulo ou objeto.
A condição de cegueira restringe a amplitude e a variedade de experiências, a orientação e mobilidade, o controle do ambiente e a interação do sujeito com o mundo que o cerca. A experiência de imitação é bastante limitada para uma criança cega que não pode perceber as expressões faciais, o seguimento dos objetos, a disposição das coisas, o movimento das pessoas, a configuração dos espaços e etc.
A criança cega não tem a mesma mobilidade, nem a possibilidade de visualização do ambiente para despertar sua curiosidade, interesse e aproximação. Por isto, ela necessita de provocação para descobrir e explorar os estímulos e as imagens visuais por meio de fontes sonoras, estímulos táteis e contato físico. Em outras palavras, a criança cega necessita muito mais de intermediários para orientar o movimento do corpo no espaço e preencher de forma adequada os vazios derivados da falta da visão.
Em outras palavras, as crianças cegas, mais do que as outras, devem entrar em contato com os elementos da natureza e ter a oportunidade de explorar os estímulos do ambiente, aprender a tocar, sentir, perceber odores e sabores, dimensões e texturas, tamanho e formato, discriminar sons, vozes e ruídos, pular, correr, saltar.
Se uma escola, por exemplo, tem um parque, um jardim, uma horta, uma quadra de esportes e outras áreas de lazer, o aluno cego deve conhecê-las e explorá-las. Estes ambientes deverão ser apresentados a ele por meio de uma ação orientada, que favoreça a descoberta e o reconhecimento tátil do espaço físico, dos objetos e pontos de referência importantes para a sua locomoção independente, além da formação de conceitos daquilo que é concreto e abstrato. Cabe ao professor, aos colegas e a todas as pessoas que atuam no âmbito da escola traduzir para o aluno cego por meio da fala e do contato físico tudo o que for visível.
Alunos cegos ou com baixa visão podem e devem participar de praticamente todas as atividades, com diferentes níveis e modalidades de adaptação, que envolvem criatividade, confecção de material e cooperação entre os participantes.
O professor deve valorizar o comportamento exploratório, a estimulação dos sentidos remanescentes, a iniciativa e a participação ativa. Algumas atividades predominantemente visuais devem ser adaptadas com antecedência, e outras durante a sua realização, por meio de descrição, informação tátil, auditiva, olfativa e qualquer outra referência que favoreça a configuração do cenário ou do ambiente. É o caso, por exemplo, de exibição de filmes ou documentários, excursões e exposições.
Os seres e os objetos precisam ser conhecidos para serem reconhecidos, apresentados para serem representados, pois é a partir da experiência concreta que se torna possível representar a realidade, desenvolver o pensamento abstrato e a função simbólica.
Como a política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva define o conceito de AEE?
O atendimento Educacional Especializado (AEE) tem como função identifificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que elimine as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Este atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. (Secretaria de Educação Especial, 2008, p.15).
Exemplos de atividades/recursos que podem ser utilizados no AEE:
* Língua brasileira de sinais - LIBRAS: língua visual/espacial articulada através das mãos.
* Código Braille: código ou meio de leitura e escrita de pessoas cegas, baseada na combinação de 63 pontos que representam as letras do alfabeto.
* Comunicação aumentativa/alternativa: conjunto de procedimentos técnicos direcionados a pessoas acometidas de alguma deficiência que impede a comunicação com outras pessoas.
* Uso do sorobã: instrumento utilizado para trabalhar cálculos e operações matemáticas, espécie de ábaco que contém cinco contas em cada eixo e borracha compressora para deixar as contas fixas.
* Produção e adaptação de materiais didáticos e pedagógicos.
* Atividades da vida autônoma
Esses são alguns exemplos de atividades/recursos utilizados no AEE. Evidentemente o professor deverá levar em conta a singularidade de cada aluno, observando caso a caso, qual a melhor forma de trabalhar, quais os recursos a serem utilizados para que a construção de sua aprendizagem seja satisfatória.
O atendimento Educacional Especializado (AEE) tem como função identifificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que elimine as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Este atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. (Secretaria de Educação Especial, 2008, p.15).
Exemplos de atividades/recursos que podem ser utilizados no AEE:
* Língua brasileira de sinais - LIBRAS: língua visual/espacial articulada através das mãos.
* Código Braille: código ou meio de leitura e escrita de pessoas cegas, baseada na combinação de 63 pontos que representam as letras do alfabeto.
* Comunicação aumentativa/alternativa: conjunto de procedimentos técnicos direcionados a pessoas acometidas de alguma deficiência que impede a comunicação com outras pessoas.
* Uso do sorobã: instrumento utilizado para trabalhar cálculos e operações matemáticas, espécie de ábaco que contém cinco contas em cada eixo e borracha compressora para deixar as contas fixas.
* Produção e adaptação de materiais didáticos e pedagógicos.
* Atividades da vida autônoma
Esses são alguns exemplos de atividades/recursos utilizados no AEE. Evidentemente o professor deverá levar em conta a singularidade de cada aluno, observando caso a caso, qual a melhor forma de trabalhar, quais os recursos a serem utilizados para que a construção de sua aprendizagem seja satisfatória.
O PAPEL DO EDUCADOR NA INCLUSÃO ESCOLAR
Atuar numa unidade escolar hoje requer que o educador possua uma significativa capacidade para entender a instituição, sua posição no sistema, sua inserção nas dimensões culturais dos alunos, suas relações internas e, que saibamos olhar para o aluno como se constituindo nessas relações.
Fica patente o despreparo dos educadores em geral quanto ao conhecimento sobre as peculiaridades de um determinado tipo de deficiência, uma vez que os professores da educação básica não tiveram em sua formação inicial um eixo capacitador para a educação na perspectiva da diversidade. A formação inicial, assim como as práticas posteriores, se desenvolvem numa linha em que se estabelece uma educação para um conjunto idealizado de alunos que aprende, acompanhada da exclusão da diversidade.
O professor, ao receber alunos com deficiência, terá que romper suas próprias barreiras, terá que trabalhar a tolerância, o medo do novo, o preconceito e a falta de formação necessária.
Com a prática, validamos os saberes adquiridos. A experiência do dia a dia, mostra o melhor caminho para o sucesso do educador. Com certeza, a prática em sala de aula, irá ensinar e indicar a melhor forma de tratamento e adaptação da didática necessária.
O atendimento das diferentes necessidades educacionais dos alunos é certamente o desafio mais importante que o professor tem de enfrentar em nossos dias. É claro que a escola, diante da diversidade de necessidades, precisa adequar seu currículo de forma global e flexível, adotar recursos contínuos (físicos, pedagógicos, didáticos, humanos) para atender as necessidades dos alunos e dar apoio a inovação, revolução nas mentalidades e desenvolvimento profissional dos professores. Mas cabe ao professor assumir o papel mais ativo em todo o processo, sobretudo no que respeita às práticas cotidianas em sala de aula.
A educação especial não é uma coisa estática, uma vez que deficiências e necessidades são específicas e podem se apresentar em diferentes níveis e estágios. Enfatizo que o êxito do processo de aprendizagem e de inclusão depende principalmente da formação continuada do professor, dos grupos de estudos com os profissionais especializados, possibilitando uma ação prática, da reflexão e do constante redimensionamento do fazer pedagógico.
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