Aprender Brincando
"Um pai
dedicado escreveu contando que, na reunião de final de semestre letivo na escola
que o filho de cinco anos frequenta, descobriu que ele passa o período todo
brincando. Pelo jeito, o pai não sabia do projeto da escola ou pensou que este
deveria mudar com o crescimento da criança.
Já tratei desse assunto várias vezes, mas sempre
é preciso retornar para considerar outras perspectivas. Hoje vamos falar dessa
pressão que muitos pais, pensando no futuro, exercem sobre o filho e sobre as
escolas de educação infantil. A criança aprende brincando. Aliás,
ela aprende a brincar brincando também.Drummond escreveu que "amar
se aprende amando" e o mesmo se aplica às crianças em relação ao ato de
brincar.
E atenção: isso ela aprende sozinha ou com
outras crianças, não precisa que um adulto a ensine brincar. Muitos pais que
contratam babás para cuidar de seus filhos pequenos orientam a auxuliar a
dedicar boa parte de seu tempo brincado com a criança. Essa atitude não é
adequada porque a criança ficará dependente de um adulto para exercer uma das
únicas atividades para a qual tem autonomia: brincar.
As escolas que compreendem bem o papel do ensino
infantil na vida das crianças com menos de seis anos organizam seus espaços e
suas atividades de modo a oferecer aos alunos tempo para conviver com os colegas
e, portanto, se socializar. Também disponibilizam material não estruturado e sem
finalidade visível, para a criança criar e colocar em ato sua imaginação,
leituras de histórias de vários tipos, para a criança ter contato com vários
tipos de linguaguens e gêneros literários, e espaço para pesquisa.
Tais pesquisas não devem ter finalidade
científica, e sim criar e manter a atitude curiosa do aluno que tem perguntas e
também tem condições, com o auxílio do professor, de encontrar caminhos para
obter algumas respostas ou, mlhor ainda, elaborar novas perguntas. Esse é um
processo de iniciação científica, sim, mas sem o rigor que será exigido mais
tarde, no ensino fundamental.
Além disso, a criança precisa ter contato com
elementos da natureza, como a água, o fogo ou os pequenos seres que habitam
nosso meio. Precisa de tempo livre e de tempo organizado. Precisa aprender as
primeiras regras da convivência nas atividades em grupo e as primeiras regras da
vida por meio de jogos. Precisa ter contato com a cultura e as artes em suas
difeirentes expressões.
Todas as atividades são brincadeiras, mas, ao
mesmo tempo, uma séria preparação para o futuro. Não se pode pensar no ensino
infantil nos mesmos moldes que pensamos o ensino fundamental. Aliás, é bom saber
que a criança que vive sua primeira infância bem de acordo com sua idade tem
mais facilidade de se adaptar às novas exigências que encontrará no ensino
fundamental.
O problema atual é que, como muitos pais pensam
como nosso leitor, muitas escolas têm instituído um ensino infantil mais voltado
aos anseios dos pais do que aos das crianças. E quem perde com isso, caros pais,
são seus filhos".
fonte: Rosely Sayão, é psicóloga e autora de "Como
Educar Meu Filho?" (Ed. Publifolha). Artigo publicad
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