(Texto adaptado, baseado
nas assertivas da psicóloga e professora da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro, Maria Lúcia Seidl-de-Moura)
Lidar com as birras e com as manhas
de uma criança pequenina não é fácil. Só de olhar aquele rostinho fofo, o
coração amolece e fica difícil falar "não". Mas, na maioria das
vezes, este está longe de ser o melhor caminho. Uma criança precisa de limites
e vai testá-los sempre que tiver chances.
Para que a brincadeira não vire uma
competição em que a paciência dos pais é testada mil vezes por dia, segue
manual de sobrevivência para esse período tão cheio de armaldilhas, com dicas,
indispensáveis para os momentos de maior desespero.
Previna o ataque
Para evitar situações estressantes
tanto para os pais como para as crianças, o ideal é agir antes da birra se
manifestar. No parquinho, por exemplo, avise antes de chegar quanto tempo mais
ou menos vão ficar por lá, para que não se surpreenda.
Também dê pistas sobre a passagem do
tempo e avise um pouco antes que está chegando a hora de ir embora. Explicar
com paciência e dar limites claros antes é sempre melhor que se descabelar
depois que o caos estiver instalado.
Evite dar oportunidade
Festa de adulto, fila no
supermercado, andança no shopping, horas no banco... Essas atividades não são
para crianças. Elas querem e precisam de liberdade para se movimentar, de
lugares seguros e confortáveis, de distração e diversão. Atividades de adulto são
chatas e podem acabar com a paciência delas. Não faz sentido exigir de uma
criaturinha de dois anos que ela consiga passar horas sentada na mesa do
restaurante quieta, enquanto os adultos conversam. Impaciente, ela tem mais
chances de ficar irritada e manhosa. Portanto, evite levar seu filho a
"programas de índio". Se não tiver jeito, leve brinquedos, invente
atividades, dê atenção e vá embora o mais rápido possível.
Dê a oportunidade da escolha
Sempre que possível, ofereça as
alternativas e permita que a criança possa escolher, como entre duas roupas que
você considere adequadas, por exemplo. Assim, ela aprende que a vida é feita de
escolhas e essa liberdade que você concede a ela de decidir (dentro daquilo que
considera correto, claro) ajuda a construir autonomia.
Se uma regra for violada, dê
consequência que possa ser entendida pela criança
Não quis comer? Não ofereça a
sobremesa. Não quis sair do parquinho na hora combinada? Então não vai dar
tempo de assistir ao programa de que gosta. deixe bem claro, sem brigas, que a
criança pode escolher, mas que será responsável pelos resultados daquilo que
optou. Não adianta dar longos sermões que ela não entende, bater ou dar
castigos malucos. A consequência precisa ser proporcional ao ato e relacionada
a ele.
Se a situação for crítica, contenha a
criança
Se você não consegue explicar porque
ela berra tanto que nem ouve sua vez, abaixe-se para ficar no mesmo plano que
ela, segure-a sem violência! E fale com a voz firme, olhando nos seus olhos. É necessário
ser firme, aguentar os gritos e não ceder. Acredite: se perceber que a pirraça
não surte efeito, ela vai parar por conta própria. Mas enquanto achar que tem
chance de fazer você mudar de ideia, vai continuar insistindo.
Castigo físico não educa ninguém
Palmadas e gritos acontecem, mas além
de não funcionar, em geral, deixam os pais muito culpados. Aprenda a se
controlar, respire fundo e mantenha a voz firme sem precisar aumentar o som.
Gritos não adiantam nada se o que você quer é que ela pare de gritar.
Não tenha medo do vexame público
Que atire a primeia predra quem nunca
teve um filho se jogando no chão em ataque de birra ou gritando em público. Por
que, então, isso seria tão terrível? Mais censurável seria a perda de calma e
postura dos pais, gritando mais do que a criança e batendo nela, não é? Fique
firme. Seu filho tem que aprender que não vai conseguir nada gritando; no
máximo, será olimpicamente ignorado.
O show precisa de platéia
A criança só grita e espermeia porque
sabe que isso chama a sua atenção. Você já explicou, conversou, pediu, reveleou
as consequências e ela continua gritando? Se for em público, considere a ideia
de sair do lugar. Se for em casa, coloque-a num lugar seguro: o quarto, por
exemplo, e avise que você não vai conversar enquanto ela não se acalmar.
Deixe-a sozinha, feche a porta e firque firme. Sim, o berreiro vai aumentar.
Mas resista por alguns minutos. Acredite: sem platéia, ela vai desistir de dar
show. Quando ela se acalmar, volte a conversar, dê um aabraço apertado,
explique tudo novamente. Assim, seu filho vai entender que só calmo tem chance
de ser ouvido.
Ajude-o a se acalmar
Crianças pequenas têm pouco controle
sobre suas emoções. Com a mesma facilidade com que dão uma gargalhada, abrem o
maoior berreiro. E, às vezes, não sabem como sair como sair dessa situação e
nem sabem mais porque estão chorando. Ajude-o a recobrar a calma. Tente dar um
abraço, fazer um carinho e, junto com ele, respirar fundo. Responder ao choro
com raiva só vai aumentar a angústia da criança.
Cumprimente o acerto
Dessa
vez ela aceitou o "não" e ouviu sua explicação com calma? Dê parabéns
e fale o quanto você ficou feliz por ela se comportar dessa maneira. Mostre
que, ao conversar com calma, ela ganha margem para negociar.
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