Os professores da rede estadual do Rio Grande do Sul são os que recebem o menor salário do país: R$ 791 para uma carga horária de 40 horas semanais – o novo valor do piso é R$ 1.451. Já a avaliação do Estado no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) é uma das dez melhores do Brasil. Em contrapartida, o Amazonas paga um valor acima do piso para seus docentes (R$ 1.905) e não apresenta bons índices na avaliação.
O professor José Marcelino de Rezende, da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, acredita que o bom desempenho do Rio Grande do Sul na avaliação, mesmo com a baixa remuneração dos docentes, pode ter relação com a tradição do sistema escolar do Estado.
“No Brasil, o desempenho dos alunos está muito ligado com a condição socioeconômica das famílias. O capital cultural e a escolaridade dos pais interfere diretamente nas notas”, disse.
Para Francisco Soares, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais na mesma instituição, a região Sul apresenta condições econômicas e familiares muito boas, o que contribui positivamente para o aprendizado dos alunos. "No Sul, os filhos chegam à escola com mais facilidade de aprender do que no nordeste" afirmou.
Mas, Marcelino alerta que, se a baixa remuneração dos professores do Rio Grande do Sul continuar, a perspectiva para o Estado é muito ruim, pois "os jovens vão procurar outras carreiras".
O Ideb é a "nota" do ensino básico no país. Numa escala que vai de 0 a 10, o MEC (Ministério da Educação) fixou a média 6, como objetivo para o país a ser alcançado até 2021.
Paralisação Nacional
A CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) organizou uma paralisação nacional entre hoje (14) e sexta-feira (16) para exigir o cumprimento da Lei do Piso. O novo valor anunciado pelo MEC (Ministério da Educação) é de R$ 1.451. O protesto também defende um maior investimento público em Educação. Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, o aumento do salário dos docentes é apenas um dos fatores que influenciam na melhora da educação e deve vir acompanhado de outras práticas para a valorização do ensino.
“O professor tem que receber mais, mas só isso não basta. Seria importante que junto com o incentivo econômico acontecessem outras iniciativas. Tem que ter piso, mas tem que ter pedagogia”, afirmou Francisco Soares, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais na mesma instituição.
Quem paga o piso?
Segundo um levantamento feito com as secretarias de educação dos Estados, nove deles ainda não pagam o piso nacional dos docentes. Pelas contas dos sindicatos, são 17 Estados que não cumprem a Lei .
Os professores do Distrito Federal, que são os mais bem pagos do país (R$ 2.314), entraram em greve na última segunda-feira (12). Uma das razões da paralisação é o não cumprimento da equiparação salarial com outras carreiras de nível superior do GDF (Governo do Distrito Federal). O acordo para a isonomia foi feito em abril de 2011, entre o Sinpro (Sindicato dos Professores do Distrito Federal) e o governo.
No Piauí, em Goiás e em Rondônia os professores também estão em greve.
Veja a comparação Ideb x salário
Estado Piso para 40 horas/semana Ideb 5º ano EF Ideb 9º ano EF Ideb 3º ano EM
RS R$ 791,00 4,9 4,1 3,9
AP R$ 1.085,00 3,8 3,6 3,1
SC R$ 1.187,00 5,2 4,5 4,1
RO R$ 1.187,00 4,3 3,5 3,7
AC R$ 1.187,00 4,3 4,1 3,5
SE R$ 1.187,00 3,8 3,2 3,2
RN R$ 1.187,00 3,9 3,3 3,1
AL R$ 1.187,00 3,7 2,9 3,1
PI R$ 1.187,00 4,0 3,8 3,0
PE R$ 1.188,00 4,1 3,4 3,3
BA R$ 1.188,00 3,8 3,1 3,3
PR R$ 1.224,00 5,4 4,3 4,2
PA R$ 1.244,00 3,6 3,4 3,1
CE R$ 1.270,00 4,4 3,9 3,6
TO R$ 1.330,00 4,5 3,9 3,4
MA R$ 1.357,00 3,9 3,6 3,2
PB R$ 1.384,00 3,9 3,2 3,4
GO R$ 1.460,00 4,9 4,0 3,4
MS R$ 1.490,00 4,6 4,1 3,8
RJ R$ 1.732,00 4,7 3,8 3,3
MT R$ 1.749,00 4,9 4,3 3,2
MG R$ 1.870,00 5,6 4,3 3,9
SP R$ 1.894,00 5,5 4,5 3,9
AM R$ 1.905,00 3,9 3,5 3,3
RR R$ 2.142,00 4,3 3,7 3,4
DF R$ 2.315,00 5,6 4,4 3,8
ES NÃO INFORMOU 5,1 4,1 3,8
Fonte: levantamento feito pela Folha de S.Paulo em 5.mar
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