sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Na volta às aulas...

QUARTA-FEIRA, 8 DE FEVEREIRO DE 2012

MEC incentiva o acompanhamento da vida escolar de crianças e adolescentes
A partir de fevereiro, escolas de todo o país iniciam o processo de volta às aulas. Ciente disso, o Ministério da Educação – MEC, por meio do Plano de Mobilização Social pela Educação, está lançando a campanha Para a educação melhorar, todos devem participar.
O objetivo desta ação é ressaltar a importância da participação ativa dos pais na vida escolar de seus filhos durante todo o ano letivo, e não apenas nas duas primeiras semanas de aula.
Como parte das atividades da campanha, o MEC elaborou uma cartilha com ilustrações do cartunista Ziraldo, que traz dicas e orientações para o cuidado com a educação dos filhos em casa e na escola. A cartilha deve ser distribuída aos pais pelos mobilizadores locais durante o início das aulas. Ao longo do ano passado, foram distribuídas mais de 40 mil cartilhas durante as atividades do projeto Parceria Votorantim pela Educação – PVE. Para este ano, todas as ferramentas de comunicação do Instituto Votorantim voltadas à mobilização social pela educação, como o Blog Educação, o Twitter e o Facebook , estão à disposição do MEC para divulgar esta ação.
Patrícia Diaz, pedagoga e assistente da diretoria da Comunidade Educativa CEDAC, acredita que a parceria escola-família renda frutos para pais, alunos e professores. “O acompanhamento constante faz com que se estabeleça uma parceria potente entre escola e família, o que gera confiança para os alunos e auxilia os professores a obterem maior motivação dos estudantes”, diz.
Para a pedagoga Débora Samori, o acompanhamento escolar incide diretamente na qualidade da aprendizagem. “Se há uma interação constante entre o que a criança e o adolescente vivem em família e o que fazem na escola, eles aprendem a reconhecer e valorizar a importância da escola em suas vidas”, afirma.
A jornalista Roberta Jovchelevich, mãe de Daniel (10 anos) e Clara (4 anos), conta que costuma comparecer às reuniões de pais e professores e interagir com a escola. “Acho muito importante participar da rotina escolar. Primeiro, porque a criança se sente segura e percebe que os pais valorizam a escola; segundo, porque é uma forma de conhecer e trocar ideias com outros pais que vivenciam situações semelhantes”.
Patrícia Diaz enfatiza o fato de que os pais também são educadores. “São eles que, além de colocar as regras para o comportamento em casa e na sociedade, precisam estabelecer parceria com a escola em que os filhos estudam. Assim, pais e escola unem forças para conseguir passar valores essenciais e comportamentos esperados para o desenvolvimento da criança”, explica.
Dicas da cartilha Para a educação melhorar, todos devem participar
Tarefas escolares. Uma das orientações presentes na cartilha ressalta a importância das tarefas escolares e acrescenta que “os pais não devem fazer o dever para os filhos”. Caso a criança/adolescente manifeste algum tipo de dificuldade, a maneira correta de ajudar no processo de aprendizagem é conversar com ela e com o professor.
Leitura. A cartilha aconselha o incentivo à leitura desde cedo, por meio de atividades lúdicas e passeios às bibliotecas da cidade. “Se os pais têm o hábito de ler diante da criança, de contar histórias antes dela dormir e de frequentar bibliotecas, elas chegam à escola encarando a leitura como algo importante e prazeroso”, afirma Débora Samori.
Acompanhamento. Segundo o documento, os pais devem sempre manifestar interesse pela educação de seus filhos. “Sabemos que vale mais o que os pais fazem do que o que falam. Dessa forma, os filhos percebem que o acompanhamento escolar é relevante para os pais e buscam corresponder ao cuidado, também se importando com a escola”, explica Patrícia Diaz.
Qualidade. A cartilha orienta a verificação da qualidade do ensino oferecido. A nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, que vai de 0 a 10, permite que os pais saibam se os filhos estão aprendendo o que deveriam conforme a idade. Diretores e professores são as pessoas mais indicadas para informar o desempenho alcançado pela escola e de que forma esse resultado pode melhorar.

Shaonny Takaiama / Blog Educação

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Universalista, ensino médio é 'um modelo muito antigo e ultrapassado'

06/08/2011 06h18 - Atualizado em 04/02/2012 06h09

De acordo com o sociólogo Simon Schwartzman, esta fase da educação deveria permitir ao aluno escolher as matérias que prefere estudar
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Professor Simon Schwartzman critica o ensino
universalista brasileiro (Foto: Divulgação)É sabido que o Ensino Médio brasileiro enfrenta uma série de problemas, como evasão escolar, alunos atrasados e baixos níveis de aprendizado. Para o sociólogo, professor, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) e coautor do livro “Uma contribuição pedagógica para a educação brasileira” (Adonis), Simon Schwartzman, a solução passa por um Ensino Médio menos universalista, que permita aos alunos escolherem as disciplinas que gostariam de estudar: “As pessoas não têm como aprender tudo. O ensino médio não dá opção de especialização e acaba virando uma enorme lista de coisas que todo o mundo tem que decorar para passar de ano.”

Quais os desafios do Ensino Médio brasileiro?
Há muito abandono. Esse é o problema mais óbvio. Há muita gente que ou não chega lá ou chega e não consegue completar e larga no meio. Há, também, falta de gente com uma qualificação intermediária no mercado de trabalho. Por que é assim? Tem a ver com a falta de alternativas de formação e com um modelo muito antigo e ultrapassado que domina o Ensino Médio.

Por que é ultrapassado?
Porque está baseado em uma concepção de conhecimento universalista. Todo o mundo tem que conhecer tudo: tem que saber ciências, literatura, história. As pessoas não têm como aprender tudo. O Ensino Médio não dá opção de especialização e acaba virando uma enorme lista de coisas que todo o mundo tem que decorar para passar de ano. Algumas pessoas conseguem, mas grande parte, não. Mesmo para os que conseguem, é uma perda de tempo, porque estão aprendendo muito pouco. Temos um problema muito sério de um formato, que é rígido, e com uma concepção de educação universalista que não funciona.

Quais seriam as mudanças mais importantes a serem feitas no Ensino Médio?
A primeira coisa que se tem que fazer é ter mais opções de formação. O aluno poderia escolher uma formação mais científica, mais aplicada, uma formação mais das ciências humanas. Essas opções devem ser dadas a partir do Ensino Médio. Durante o Ensino Básico ensina-se uma formação comum, basicamente linguagem, conceitos básicos de matemática, noções gerais de ciências, história e geografia. A partir daí, o problema é dar opções. Uma das opções que falta é ter uma formação mais aplicada, ensinar pela via da experiência prática, do trabalho. E não deveria haver uma porta única de entrada para o Ensino Superior.

E qual seria a outra forma?
Há várias maneiras, uma delas é ter uma pluralidade de certificados. Muitos países hoje em dia fazem isso. Ao terminar o Ensino Médio, o estudante pode se qualificar de acordo com o que ele estudou. Se ele fez matérias de ciências exatas ou de ciências humanas ou mais para a área de artes, ele deve adquirir uma certificação desse conhecimento. A universidade, à medida que seleciona os alunos, vê que tipo de formação o aluno teve e quais formações são mais adequadas para cada tipo de curso.

Exigir uma escolha de disciplinas no Ensino Médio não é restringir as opções muito cedo?
Não, acho que aos 15 anos de idade o aluno já está em uma boa época para fazer opções. Não opções profissionais, mas certas opções que ele acaba fazendo na prática. Ninguém aprende tudo aos 15 anos de idade: geografia, física, história, química, biologia, sociologia... O aluno pode dedicar os três anos para aprofundar uns três temas. Temas de interesse do próprio aluno. A escola também vai se especializar naquilo que ela é mais capaz de dar. Se eu quiser fazer um Ensino Médio de artes, vou para uma escola que tenha boa tradição em Ensino Médio de artes.

O senhor acredita que isso diminuiria a evasão escolar?
Acho que sim, à medida que ao aluno faz um curso em que tem mais interesse. Um outro problema, além do interesse, é que se tem uma situação de que muita gente chega ao Ensino Médio com muita deficiência, porque fizeram um Ensino Básico muito ruim, não conseguem ler direito, não aprenderam matemática direito. É ilusório achar que vai recuperar essas pessoas com pequenos cursos de reciclagem.

Há outros modelos no mundo que poderiam servir de exemplo?
O mundo todo faz isso de outra maneira. Primeiro, há uma grande divisão tradicional entre uma formação técnica e uma formação mais acadêmica. A maior parte dos estudantes do mundo inteiro não faz uma opção acadêmica, faz uma opção mais profissional.

Na Inglaterra, há o que eles chamam de A-level (Advanced Level General Certificate of Education), em que o aluno, para ir para a universidade, tem que tirar uma nota alta em três temas, à escolha dele. Conforme o desempenho nessas áreas, ele pode se candidatar à universidade.

Na França, há um exame interno de Ensino Médio, mas há uns dez tipos diferentes, o aluno escolhe qual ele quer fazer. A Alemanha também tem uma avaliação final, mas o aluno escolhe as áreas. Tudo, ao fim do Ensino Médio. Isso dá o certificado de conclusão do Ensino Médio e, ao mesmo tempo, especifica que o aluno terminou o Ensino Médio e tirou determinada nota em determinados assuntos.

Nos Estados Unidos não há cursos diferentes, mas dentro de cada escola há uma série de opções: o aluno pode optar por uma matemática mais dura ou menos dura. Se ele quiser fazer um curso de física, ele vai pegar a matemática mais difícil, se não, ele pega a mais leve e vai fazer outra coisa. Há sempre opções, no Brasil é que não tem.

É possível dizer que o Ensino Médio no Brasil é um curso de preparação para o vestibular?
Ele é um curso preparatório para o vestibular, mas poucas escolas de Ensino Médio, especialmente as públicas, conseguem na verdade preparar. O aluno aprende muito pouco no Ensino Médio. Se pudesse escolher três ou quatro matérias, ele teria tempo de estudar, de pesquisar, de escrever, de discutir com o professor, se reunir com um grupo de trabalho... Se ele precisa fazer 17 matérias, ele vai decorar um pouquinho de cada uma para prestar vestibular e esquecer no dia seguinte.

O senhor conhece alguma alternativa no Brasil?
Existem tentativas de flexibilizar mais. Há o parecer do Conselho Federal de Educação, que aparentemente criaria alternativas, mas se você lê-lo verá que é uma confusão, que nada é dito com clareza.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

'Pai-lobo' defende agressão física na educação e cria polêmica

Um empresário está causando polêmica na China com a publicação do seu livro, no qual defende a agressão física na educação infantil. Xiao Baiyou, que já foi apelidado de pai-lobo, publicou em maio do ano passado um manual de educação para pais, intitulado inicialmente de "Bata nos seus filhos até a Universidade de Pequim".
Talvez por causa da polêmica, o livro saiu depois com o título "Então, irmãos e irmãs na Universidade de Pequim". "Eu resolvi escrever o livro depois de muitos amigos dizerem que o jeito que educo meus filhos é inspirador", conta Xiao.

Três de seus filhos estudam na Universidade de Pequim - uma das instituições de maior prestígio na China -, o que ele entende como a prova de sucesso do seu método.
Xiao Baiyou, 48 anos, é um homem de negócios de sucesso, trabalhando há mais de 15 anos no mercado imobiliário de Guangzhou, no sul da China. Já esteve no Brasil duas vezes, adora futebol e mantém como plano de vida ter 12 netos com títulos de pós-graduação. Para isso ele foi educado e por isso ele faz do seu método a bíblia dos melhores pais da China.
"Eu sou o imperador da minha casa. Meus filhos fazem o que eu digo, e não tem reclamação", ensina. As normas da casa de Xiao - que somam cerca de cem - vão desde como segurar um copo, cobrir-se com o cobertor, até o limite de uma única hora semanal de televisão. As regras também excluem atividades extra-curriculares e encontros com amigos.
"Se meus filhos não obedecem, eles apanham", diz o pai-lobo, que começou a bater em seus filhos aos três anos e parou quando eles tinham 12. Entre estas idades, acredita, as crianças "são como animais, que precisam ser treinados, pois seu entendimento social não está completo".
Linha dura
Com seu livro, Xiao engrossa o coro cujo tom foi estabelecido em janeiro de 2011 pela chamada Mãe-Tigre, Amy Chua, com seu livro Grito de guerra da mãe-tigre.
A professora de Direito na Universidade de Yale colocou a China e os Estados Unidos em uma nova batalha por dominação mundial - a da educação. Sua hipótese é que a China conta com mais filhos prodígios por manter uma educação menos indulgente.
Descendente de chineses, Amy mora nos Estados Unidos há mais de duas décadas. Para ela, a vantagem da educação de estilo chinês sobre a de estilo americana é a luta pelo esforço pessoal e trabalho árduo na conclusão de tarefas.
"Filhos chineses não podem desistir", diz a descendente de chineses que mora nos EUA. Sua teoria causou tanto barulho que foi considerada pela revista americana Time como a 13ª pessoa mais influente do mundo.
Ainda que a polêmica criada em torno das histórias de Amy tenha sido "mais negativa do que positiva em 2011", conforme a escritora, o sucesso de seu sistema educacional é, para ela, comprovado pela entrada da filha em grandes universidades.
No final do ano passado, a primogênita de Amy, Sophia, 17 anos, foi aceita pelas universidades de Harvard e Yale. De forma semelhante, o pai-lobo crê que são os sucessos dos filhos que comprovam suas teorias. Seu filho mais velho, Xiao Yao, 23 anos, foi o que mais apanhou.
Suas irmãs mais novas, hoje com 21, 20 e 16 anos, eram obrigadas a ficar ao lado do irmão enquanto ele era punido. "O mais velho tem de ser o exemplo para os mais novos", explica Xiao. "E meus filhos cada vez mais acreditam na educação que receberam", ressalta.
Xiao atesta que seu método é a volta da educação tradicional chinesa, em oposição à educação ocidental que ele considera permissiva demais, e só poderia funcionar no Ocidente.
"As leis são diferentes, e as necessidades sociais também. Um país superpopuloso como a China precisa de seus truques na hora de formar profissionais competentes."
Ocidente x Oriente
Na China, as opiniões são divididas tanto entre pai-lobo e mãe-tigre quanto entre os sistemas de educação do Oriente e do Ocidente em si.
No Weibo, microblog que emula o Twitter, proibido no país, o pai-lobo tem 3.455 fãs, enquanto Amy tem 9.136.
As críticas à educação com disciplina férrea, porém, são maiores. No site Douban, uma espécie de MySpace, a comunidade Antipais, criada em 2008, tem mais de 50 mil seguidores.
Casos de suicídio entre estudantes reportados pela mídia local elevaram as críticas contra a repressão na educação instituída na China, dentro e fora das casas, em que a agressão física não é proibida.
Só em dezembro de 2011 o governo municipal de Pequim anunciou a criação de uma lei que proíbe o uso de repressão física pelos professores em salas de aula.
Embora tanto a mãe-tigre quanto o pai-lobo defendam o rigor na educação, ambos diferem bastante entre si. Em seu livro, Amy conta como forçou sua filha de sete anos Lulu a praticar uma canção no violino até executá-la com perfeição - sem pausas para jantar, tomar água ou ir ao banheiro.
A mãe-tigre jamais aceitou que suas filhas tirassem notas abaixo de A (a não ser em educação física e artes), namorassem, dormissem na casa de amigas ou assistissem à TV.
"A educação ocidental é muito liberal, mas tende a formar crianças mais criativas, mais interessantes. Procuro esse balanço ao propor um método de educação que une a restrição e o esforço chineses à criatividade", diz Amy.
Sobre a educação do pai-lobo, ela diz que a considera "muito restritiva". "Sou contra a punição por agressão física em qualquer lugar. O pai-lobo é muito restritivo, controla todos os aspectos da vida de seus filhos. Isso jamais aconteceria nos EUA."
Já o pai-lobo considera que os conceitos da educação da mãe-tigre, embora claramente oriundos da educação chinesa, foram amenizados pelo "sistema legal americano, que monitora, através de leis, o tratamento das crianças em suas casas". "Acho que ela tem bons pontos, mas eles funcionam somente em comparação à sociedade ocidental", diz Xiao.

MEC: professores do ensino médio serão primeiros a usar tablets



sábado, 4 de fevereiro de 2012

O uso de tablet na rede pública de ensino vai começar pelos professores do ensino médio. A partir do segundo semestre, o Ministério da Educação (MEC) deve iniciar a distribuição dos equipamentos para 598.402 docentes.

Os primeiros da lista são os professores de escolas que já têm internet em alta velocidade (banda larga), que somam 58.700 unidades. A ideia é o computador portátil chegar a 62.230 escolas públicas urbanas.


Para o MEC, o programa tem mais chances de sucesso se o professor dominar o equipamento e o seu uso, antes de chegar ao aluno. "A inclusão digital tem que começar pelo professor. Se ele não avançar, dificilmente a pedagogia vai avançar", disse o ministro Aloizio Mercadante. Cursos de capacitação presencial e à distância vão ser oferecidos ao professor, assim que o aparelho começar a ser distribuído.

Com o tablet, o professor poderá preparar as aulas, acessar a internet e consultar conteúdos disponíveis no equipamento - revistas pedagógicas, 60 livros de educadores, principais jornais do País e aulas de física, matemática, biologia e química da Khan Academy, organização não governamental que distribui aulas on-line usadas em todo o mundo.

As aulas preparadas no tablet, segundo o ministro, serão apresentadas por meio da lousa digital, espécie de retroprojetor combinado com computador, que muitas escolas já usam desde o ano passado. No decorrer de 2011, foram entregues 78 mil desses equipamentos.

Para o ministro, a tecnologia do tablet, em que os comandos podem ser acionados por meio de toques na tela, é mais "amigável" para leitura e acesso à internet em comparação a outros computadores.

Com a novidade, Mercadante espera também tornar a sala de aula mais atrativa para os adolescentes. "O ensino médio é o grande nó da educação. Os indicadores não são bons e a evasão escolar é alta. A escola não está atrativa para o jovem. Esses equipamentos fazem parte do esforço para melhorar o ensino médio", diz.

Para levar o tablet à sala de aula, o MEC irá desembolsar de R$ 150 milhões a R$ 180 milhões para comprar até 600 mil unidades este ano. Em dezembro passado, o ministério abriu licitação para a aquisição de 900 mil aparelhos de fabricação nacional, de 7 e 10 polegadas, com câmera, microfone e bateria de seis horas de duração.

O governo pagará quase R$ 300 pelo tablet de 7 polegadas e aproximadamente R$ 470, pelo de 10 polegadas. No mercado, conforme o ministério, o equipamento de 7 polegadas custa cerca de R$ 800.

Apesar do processo de compra ter sido iniciado no ano passado, Mercadante destaca o programa como uma de suas primeiras ações no comando do ministério. "Esse programa foi desenhado nesse período que estou aqui", disse, explicando que a gestão do antecessor, Fernando Haddad, lançou o edital de compra para atender a pedidos de estados e municípios. As empresas Digibras e a Positivo venceram a licitação. O contrato deve ser fechado somente em abril, após o Inmetro avaliar se os produtos atendem às exigências do edital.

Depois de distribuir para os professores do ensino médio, o ministro quer entregar os aparelhos para os docentes do ensino fundamental. Ainda não há previsão sobre quando os alunos receberão o equipamento.

Apesar da chegada do tablet nas escolas, Mercadante garante que isso não significa o fim do Programa Um Computador por Aluno (UCA), que distribui laptops aos estudantes.



Agência Brasil

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Especialista: ensino não está preparado para lidar com 'gênios'




Ter uma inteligência acima da média pode representar facilidade para algumas coisas, mas a falta de preparo e estrutura do sistema de ensino brasileiro para identificar e lidar com esses talentos é apontado por especialistas como a principal dificuldade enfrentada pelos estudantes superdotados, que muitas vezes não são compreendidos na escola.
E quem pode ser considerado um superdotado? Para o Conselho Brasileiro para Superdotação, este perfil resulta de três conjuntos de traços: habilidade acima da média em alguma área de conhecimento, comprometimento com a tarefa e criatividade.
A Mensa, sociedade formada por pessoas de alto QI na Inglaterra, entende uma pessoa como superdotada aquela que obtém um resultado de 140 pontos ou mais em um teste de QI padrão. A estimativa é de que 5% da população seja superdotada. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que entre 1,5 milhão e 2,5 milhões de alunos no País sejam detentores de altas habilidades em alguma área do conhecimento.
Integrante destacado de sociedades conhecidas por aceitaram somente pessoas com QI muito alto, como Mensa Brasil, Vertex Society e GenerIQ Society, o gaúcho Eduardo Correa, argumenta que quocientes de inteligência altos não necessariamente são acompanhados de um resultado excelente em um determinado teste. "Se a inteligência fosse dependente do desempenho, alguém com desinteresse em dada atividade, por a considerar fútil, seria classificado como inferior intelectual, mesmo na condição relativa de adulto mental, tal como ocorre no ambiente escolar para aqueles com QI muito superior à média", conclui Correa.
Segundo a presidente da Associação Brasileira para Altas Habilidades/Superdotados (ABAHSD), Erondina Vieira, para falar do processo de identificação de superdotados é importante deixar de lado aquele mito do jovem bom em tudo. "Nós temos uma série de crenças com relação aos superdotados, como acreditar que esses jovens sempre serão geniais em matemática ou física, usarão óculos com lentes grossa e serão introvertidos", afirma Erondina. Ainda segundo a diretora, atualmente é comum encontrarmos superdotados com grandes habilidades em literatura, história, línguas, altas capacidades psicomotoras, entre outras.
Embora existam diversas maneiras de reconhecer um superdotado, seja por meio de testes específicos ou por períodos de observação, algumas características como a criatividade, a persistência, a maturidade precoce e a curiosidade podem ser consideradas traços comuns nessas pessoas. "O período mais difícil de reconhecer um aluno de alto intelecto é na infância. Isso porque as crianças são naturalmente curiosas, então fica mais complexo, por exemplo, separar a curiosidade de uma criança superdotada da de uma criança comum" explica Erondina.
A entidade trabalha, essencialmente, com o processo de observação para seleção de estudantes. Em um período de seis meses a um ano, um educador observa o aluno em questão para avaliá-lo e comprovar suas potencialidades. Geralmente após a identificação, essas instituições recebem o estudante em um turno oposto ao das suas aulas do ensino básico, em uma rotina que incluem exercícios e atividades de acordo com os interesses do superdotado.
Além do acompanhamento adequado, com um corpo técnico composto por professores, doutores, mestres e especialistas, as escolas e associações para superdotados servem como plataforma para o aluno realizar seus projetos pessoais, desenvolvendo ainda mais as suas potencialidades. Segundo Ricardo Pereira, membro e psicólogo supervisor nacional da Mensa, esse tipo de ambiente é ideal para indivíduos com inteligência acima da média explorarem características como a criatividade.



Aos 15 anos, Elizelton Abreu dos Santos cursa o ensino médio, gosta de conversar, ler, mexer no computador e sair com os amigos nas horas vagas. Seria um jovem como muitos outros não fosse sua capacidade intelectual muito acima da média, especialmente em física. No ano passado ele, em um time com mais dois estudantes, foi vice-campeão nas Olimpíada Brasileira de Robótica. "Sempre gostei desse campo de robótica e engenharia, e pretendo pesquisar mais sobre o assunto no futuro", afirma Elizelton.
Quanto mais cedo for identificado esse talento natural, mais fácil adequar o estudante em uma rotina que seja produtiva para ele e para o grupo no qual esteja inserido. "Ao ignorarmos esse quadro, criamos no jovem um comportamento comum a crianças insatisfeitas. Ele se torna o excluído da turma, pois resolve os exercícios com facilidade e pode vir a atrapalhar a aula, é tachado de CDF pelos colegas e, às vezes, se fecha em seu mundo", comenta Erondina. Segundo a educadora, nossas escolas ainda não estão preparadas para filtrar os estudantes especiais de suas instituições. "Perdemos uma quantidade incrível de alunos, que chegam a negar suas altas habilidades para poder se inserir em grupos de convívio, porque as escolas não estão preparadas para lidar com eles", lamenta a presidente.

Pesquisador: impresso ainda é melhor meio de estimular a leitura



As histórias em quadrinhos foram o ponto de partida para que a produtora musical Magali Romboli transformasse a filha em uma leitora assídua. Nada de tablets, computadores e outros estímulos eletrônicos - Melissa Romboli Andriole, 9 anos, ainda prefere passar horas folhando as páginas de um livro. "É muito mais legal do que brinquedo", garante. Mãe e filha não são exceção: na hora de introduzir as crianças ao mundo da leitura, muitos pais abrem mão da tecnologia e continuam recorrendo ao tradicional impresso, medida apoiada por especialistas.
Magali conta que começou a estimular a filha ainda bebê, com livros de plástico para brincar na banheira. Aos poucos, o passatempo deu lugar a gibis e livros de história. Recorrer ao impresso foi uma das maneiras que encontrou para evitar que Melissa passasse o dia todo em frente ao computador e à televisão.
"Talvez essas ferramentas não façam mal agora, mas como saber seu efeito quando ela tiver 50 anos?", questiona.
A preocupação com a saúde não é o único motivo pelo qual o impresso reina na casa da família. Segundo Magali, uma das grandes vantagens do livro em papel é a possibilidade de compartilhar histórias. De tempos em tempos, elas doam alguns exemplares para crianças carentes. "A Melissa pega livros emprestados da escola, leva o que está lendo em casa, comenta com colegas e com a professora. No tablet, você baixa o arquivo, outra pessoa baixa outro. Não é uma relação entre pessoas, é uma relação entre tecnologias", reflete.
Segundo o professor do Centro de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marcello Barra, o livro impresso continua decisivo na formação de crianças e jovens. "Por ter muito mais estímulos, a mídia eletrônica dispersa quem está começando a ler. O saber e a profundidade são maiores no livro convencional", afirma. Barra explica que as possibilidades abertas pelo tablet podem estimular a criança a buscar novos conteúdos, em vez de se ater àquilo que está lendo. "O resultado é um conhecimento superficial. Os eletrônicos são uma raiz muito longa, mas não muito profunda. Eles são complementares. Nessa fase, incentivar a leitura por meio do impresso é o melhor meio de desenvolver a concentração", enfatiza.
Férias são uma boa época para estimular a leitura
Aproveitar o tempo livre é uma boa saída para desenvolver o gosto pelas obras literárias. Vale recorrer desde a séries infantis até ao gibi, aliado de Magali na formação da filha. "A linguagem objetiva das historinhas da Turma da Mônica ajudou a Melissa no início. Depois, para melhorar o repertório, pegamos livrinhos de histórias", conta.
O momento também é bom para fazer passeios culturais. "A melhor coisa é levar os filhos às livrarias, que cada vez mais têm seções voltadas a crianças e adolescentes. Lá, devem ajudá-las a escolher seus próprios livros", aconselha o professor. As bibliotecas públicas também podem estar no roteiro de férias. "Os pais devem dar o exemplo. É muito mais fácil a criança gostar de ler se ela está acostumada a ver os pais lendo", diz.
Outra alternativa para o período e que pode ser levada adiante durante o ano todo são as rodas de história. Segundo Barra, reunir a família é uma das melhores formas de instigar a curiosidade dos pequenos. "O ambiente familiar é muito rico e influencia muito na formação da criança", diz.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Pais e professores, uma relação difícil

A relação entre pais e professores inclui, já faz algum tempo, boa dose de tensão. O assunto voltou à tona com força no fim do ano passado, quando um professor americano chamado Ron Clark resumiu as reclamações de boa parte dos mestres da seguinte maneira: professores não são babás de alunos, ao contrário do que pensam seus pais. Ele acusa os pais de repassar à escola suas responsabilidades, recusando, contudo, as regras impostas pela instituição educadora.
Seu artigo, chamado "O que os professores realmente querem dizer aos país", tornou-se o segundo mais compartilhado no Facebook em 2011 (o primeiro trata do desastre da usina de Fukushima, no Japão), trocado mais de 630.000 vezes – prova de que a discussão é, no mínimo, pertinente. O texto ecoou em outros países e também no Brasil. "Por aqui, os pais perderam a habilidade de impor limites a seus filhos. Agora, tentam impor limites à escola, interferindo na atividade dos professores", diz a educadora Tânia Zagury, autora do livro Escola sem Conflito: Parceria com os Pais. De acordo com uma pesquisa realizada pela escritora, 44% dos professores apontam a ausência de limites como causa principal da indisciplina em sala de aula: um quinto dos profissionais responsabiliza a família pelo problema.
Leia também:
O que pais e professores devem fazer para evitar conflitos
Ron Clark: 'Professores são educadores, não babás'
Do outro lado da linha, os pais também reclamam de intromissões da escola em disposições que acreditam justas. É o que vive a empresária Marcela Ulian, de 34 anos, mãe de um garoto de 6 anos – o nome dele, assim como o da instituição, um renomado colégio privado paulistano, serão omitidos a pedido da empresária. Há alguns meses, Marcela contesta uma determinação da escola que proíbe alunos de portar dispositivos eletrônicos, como celular ou tablet, no interior da instituição. "As crianças não podem ficar alheias às novas tecnologias. Acho inclusive que os professores podem ensinar que aqueles aparelhos podem servir como material educativo", diz Marcela. Não houve acordo. Para a escola, é em casa que as crianças devem aprender a fazer uso dos aparelhos. "Continuo não concordando com a escola e seguirei tentando provar que estou certa."
Não raro, as queixas de um lado e de outro são mais severas; outras revelam exageros flagrantes. Há, por exemplo, relatos de professores contestados por pais porque atribuíram uma nota baixa a um aluno, ou por tê-lo repreendido por comportamento inadequado. Preocupados com as reclamações de parte a parte, educadores se debruçaram sobre a questão. Descobriram duas razões principais para os desentendimentos. A primeira é uma transformação sofrida pela engrenagem familiar, fruto das mudanças sociais dos últimos 50 anos. Um exemplo disso: nesse período, as mulheres, tradicionalmente encarregadas de acompanhar o crescimento das crianças em casa, ganharam definitivamente o mercado de trabalho, distanciando-se da antiga função. "A consequência disso é que as escolas passaram a ser responsáveis também pela educação moral das crianças. A família moderna demandou isso delas", diz Maria Alice Nogueira, educadora e especialista em sociologia da educação.
A segunda razão envolve um movimento em sentido oposto: a intromissão dos pais em assuntos sobre os quais as escolas antes mantinham monopólio. À medida que as famílias perceberam que a ascensão nos bancos escolares é sinônimo de ascensão social e econômica, passaram a cobrar mais de instituições e professores, que antes davam as cartas na sala de aula – não por acaso, "mestre" é uma designação que quase não se aplica mais a professores. "O êxito proveniente da educação formal levou a família a interferir nos assuntos escolares", diz Maria Alice.
Excetuados os exageros, os educadores de olho na questão alertam que a nova realidade exige nova atitude. "O que ouço dos docentes em momentos como esse é aquela velha história de que, antigamente, eles eram mais respeitados", diz a educadora Elaine Bueno. "Esse é um discurso velho, pois os tempos mudaram: os pais não enxergam mais o professor e a escola como autoridades inquestionáveis. Eles precisam aceitar isso e prestar contas de seu trabalho."
O caminho da convivência harmoniosa exige trabalho intenso de pais e professores, garantem escolas que já o perseguem. Entre as lições aos professores (confira o quadro abaixo), estão orientações como jamais desqualificar ações dos pais diante dos filhos. É o que prega Sylvia Figueiredo, sócia-fundadora do colégio Castanho Lourenço, de São Paulo. Certa vez, ela descobriu que uma mãe fazia o dever de casa do filho. "Em nenhum momento, desmereci a atitude da mãe diante do menino, apesar de estar certa de que a conduta dela interferia negativamente no desempenho dele", conta. O assunto foi tratado em uma conversa a portas fechadas, cara a cara, entre a educadora e a mãe. "É preciso muito treinamento para lidar com os pais. A relação é uma bomba-relógio e pode explodir a qualquer momento se você puxa o fio errado na hora de desarmá-la." Aos pais, em situações como essa, cabe a lição de ao menos ouvir atentamente a posição do educador.
O esforço vale a pena. A harmonia entre as partes é valiosa para a educação – é o que apontam estudos na área. Uma pesquisa encabeçada pela Fundação Getulio Vargas, por exemplo, mostra que os efeitos da presença dos pais na vida escolar se fazem notar por toda a vida adulta. Na infância e na adolescência, a participação da família está associada a notas até 20% mais altas e riscos de evasão até 64% inferiores. "Gostamos de deixar claro aos pais que a interferência deles no processo educativo é saudável. Mas ambas as partes precisam estar abertas ao diálogo", diz Celina Cattini, diretora geral do Colégio Visconde de Porto Seguro. "Muitos professores sentem saudade do tempo em que os pais respeitavam a autoridade da escola. Mas é preciso lembrar que aqueles eram tempos em que havia respeito, mas não havia interação entre escola e família: isso não é bom para as crianças." Celina tem razão.
Com reportagem de Renata Honorato