Compartilho com vocês, leitores, uma pertinente reflexão sobre o final do ano letivo da colega Elizabeth, que tive acesso no Blog Espaço Educar, muito interessante e retrata a realidade de muitos educadores brasileiros.
Mais um final de ano letivo. O cansaço mistura-se a frustração de não ter conseguido certas coisas que julgávamos tão importantes. A vontade ambígua de parar e descansar e ao mesmo tempo aproveitar os últimos minutos para tentar modificar algo. A eterna inadequação.
Quantos alunos felizes, sorridentes, lendo e relendo, criando textos que nos deixam eternamente emocionados, escrevendo cartinhas que para sempre guardaremos. E um grupo menor, aquele que não conseguiu, mais uma vez. O olhar para trás, a análise do que está errado, do que fizemos de errado ou do que deixamos de fazer para ajudar. Havia ajuda possível? Fizemos nossa parte? Qual era nossa parte? Em meio ao tumultuado dia a dia numa sala de aula, é difícil dividir alguma coisa em partes, todas as coisas parecem compartilhadas, angústias são de todos, dores repartidas, problemas sociais divididos na falta do lápis, no emprestar do lápis de cor.
Escola. A maior alegria de uma escola ainda reside nestas alegrias e tristezas de sala de aula. É quando a porta se fecha que a janela para a vida se descortina. E é por detrás daquela porta que ainda somos felizes. A escola, por pior que possa parecer, não é um lugar de pessoas felizes. A escola sobrevive a seus embates diários, se arrasta entre vidas e pensamentos opostos e incongruentes. A escola é a pior parte da educação; e a melhor parte dela habita os olhos dos meus alunos. As suas falas, os seus bilhetes e recadinhos de carinho, os seus avanços diários compartihados na felicidade geral da turma. E que - pasmem! - não interessa a escola! A Escola é a burocracia, são os documentos, pontos, atrasos e faltas numa folha onde somos números e não cabem erros ou humanidades.
Nem sempre sei se sigo em frente, tenho sempre a impressão de uma grande peça de teatro. Não poderia ser real o que vivemos na escola. Se a escola fosse escrita a giz, num quadro negro, eu apagaria toda a escola, e deixaria aquele brilho nos olhos do aluno que conseguiu ler! Aquele sorriso contagiante no rosto da menina que compartilha lápis de cor, sentada ao lado de uma amiga. Eu deixaria o que menos importa para quem dirige a escola. Deixaria todos os pequenos detalhes que passam despercebidos para quem só enxerga a burocracia. E que nos transforma todos em robôs, e assim, autômatos da escola e imbuídos de toda a sua frieza que exige silêncio e organização, prosseguimos.
Terminamos sempre como se nem fôssemos mais o que éramos. E o cansaço da adaptação à escola é sempre tão grande, estamos dormindo mal, comendo errado, estamos todos tentando caber. Todos tentando ser um pouco normais aos olhos alheios. Por que os olhares dos outros são sempre tão importantes?
É preciso sobreviver aos olhares, sobreviver ao grupo, sobreviver à escola para conseguir ter o que a escola tem de melhor: o brilho no olhar, o sorriso nos lábios e a ingenuidade da infância.
Em que outro lugar se poderia dar o melhor de si? A Escola tira o melhor que possuimos porque precisamos nos adequar, não podemos ser eternamente inadequados a ela. E assim, completamente moldados pela escola, seguimos, com nossos diários de classe em dia, com nossos planos de aula em dia, nossas turminhas enfileiradas e tristemente silenciosas. Prosseguimos com nossa eterna preocupação em vista do barulho da classe e do professor ao lado. Prosseguimos mantendo o silêncio, exigindo quietude e organização, em nossos ralos exercícios mecanizados que ajudam a manter a situação vigente do país. Porque a escola não sobrevive a aulas barulhentas e criadoras, a escola não sobrevive a ruídos de felicidade. Ela foi e será sempre assim: acinzentada. Acinzentada de gente que ficou igual, tristemente igual.
A única coisa que podemos fazer, em vista de todas estas questões é entrar de férias.
E sentir o coração apertar no peito de deixar a turminha querida e todos os nossos momentos lindos que nem interessam à escola, não importam.
E sempre sinto falta das outras turminhas. Dos pequenos dos quais não me despedi. Eu sei que eles se lembrarão.
A verdade é que em final de ano sentimos falta até de quem não deveríamos sentir. E o deveríamos nunca cabe na lógica. A lógica não esteve na escola, ninguém ensinou à lógica que há coisas que ultrapassam, coisas que marcam, que ficam, perduram e serão sempre importantes, apesar de tudo. E o tudo fica sempre tão pequenino diante do amor que nutrimos a certas pessoas e lugares que não deveríamos amar. Voltando à questão do deveríamos... Num sem fim, num sem lugar, num completo e intransigente incompreender, humanidade, teu nome é inadequação.
Fonte: http://espacoeducar-liza.blogspot.com/#ixzz1gf1YpTbp
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
A importância de se educar para as emoções
Por muito tempo, e até os dias atuais, as ideias de Alfred Binet sobre a mensuração da inteligência por um único teste padronizado de inteligência, o chamado Quociente Intelectual – QI, foram utilizadas em inúmeras seleções e avaliações psicológicas, sendo determinante para o reconhecimento e ascensão de um bom estudante ou profissional.
Com o passar do tempo e a contestação dessas ideias por outros estudiosos, como o psicólogo Howard Gardner, por exemplo, que desenvolveu a teoria das Inteligências Múltiplas, os fundamentos de Binet foram, aos poucos, sendo substituídos por conceitos mais elaborados e profundos sobre o comportamento e o desenvolvimento psicológico dos indivíduos.
Apesar de se saber da importância da intelectualidade no século presente, essa capacidade não se constitui como única determinante para o pleno desenvolvimento psicointelectual do sujeito, pois é muito relevante também que o indivíduo possa se desenvolver emocionalmente, o que Daniel Goleman chama em seu livro “Inteligência Emocional” de Quociente Emocional – QE. Goleman ressalta que a crise que a humanidade vive hoje, com aumento da criminalidade, violência e infelicidade é o reflexo de uma cultura que se preocupou apenas com o intelecto, esquecendo o lado emocional da pessoa.
Tanto o QI quanto o QE podem ser desenvolvidos e potencializados, dependendo da orientação da pessoa que pretenda desenvolvê-los. Concebe-
se, portanto, que esses quocientes não têm a qualidade de serem estáticos, mas podem ser aprimorados e desenvolvidos durante a vida do indivíduo.
Ainda segundo os estudos de Goleman as pessoas só utilizarão 15% do que aprenderam na escola na sua vida prática, enquanto a inteligência emocional demanda 85% da capacidade do indivíduo na sua convivência social.
O questionamento que se faz é: Por que se dá tanta ênfase ao ensino apertado, ao cumprimento rigoroso de programas, provas, testes dentre outros, e se ignora ou desconhece-se a Inteligência Emocional? Não é proveitoso formar-se adultos, estudiosos, cientistas cultos se não sabem lidar com o outro, se são sujeitos frios, desprovidos de sensibilidade e humanismo.
A importância de se educar as emoções é notável, pois uma pessoa educada, emocionalmente, é um ser equilibrado, que sabe lidar com uma variedade de situações do cotidiano e com as pluralidades de ideias, pessoas e sentimentos. Destaca-se que educar para as emoções não significa abandonar os conteúdos do currículo escolar convencional, mas integrá-las de forma que sejam trabalhadas constantemente, destacando sempre seu caráter inter e multidisciplinar.
Como destaca o educador Paulo Freire “e escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima”. A escola não é uma mera construção de concreto e cimento, mas uma célula viva, viva como a própria educação, não consiste, portanto, numa experiência fria, mas repleta de ações, vivências e emoções.
As instituições escolares e os pais precisam atentar para o fato de que qualidade no ensino não significa horas exaustivas de estudos e notas boas, mas a capacidade do educando ser autônomo, ter autonomia para (re) elaborar conhecimentos; colaborativo, saber lidar com o outro e trabalhar em equipe; e um ser criativo, dinâmico. O memorável educador Rubem Alves destaca que muitas escolas não passam de jacarés. Devoram as crianças em nome do rigor, do ensino apertado, da boa base, do preparo para o vestibular. É com essa propaganda que elas convencem os pais e cobram mais caro... Mas e a infância? E o dia que não se repetirá nunca mais? Infelizmente o Brasil ainda tem muito dessas escolas, “escolas jacarés”.
Com o passar do tempo e a contestação dessas ideias por outros estudiosos, como o psicólogo Howard Gardner, por exemplo, que desenvolveu a teoria das Inteligências Múltiplas, os fundamentos de Binet foram, aos poucos, sendo substituídos por conceitos mais elaborados e profundos sobre o comportamento e o desenvolvimento psicológico dos indivíduos.
Apesar de se saber da importância da intelectualidade no século presente, essa capacidade não se constitui como única determinante para o pleno desenvolvimento psicointelectual do sujeito, pois é muito relevante também que o indivíduo possa se desenvolver emocionalmente, o que Daniel Goleman chama em seu livro “Inteligência Emocional” de Quociente Emocional – QE. Goleman ressalta que a crise que a humanidade vive hoje, com aumento da criminalidade, violência e infelicidade é o reflexo de uma cultura que se preocupou apenas com o intelecto, esquecendo o lado emocional da pessoa.
Tanto o QI quanto o QE podem ser desenvolvidos e potencializados, dependendo da orientação da pessoa que pretenda desenvolvê-los. Concebe-
se, portanto, que esses quocientes não têm a qualidade de serem estáticos, mas podem ser aprimorados e desenvolvidos durante a vida do indivíduo.
Ainda segundo os estudos de Goleman as pessoas só utilizarão 15% do que aprenderam na escola na sua vida prática, enquanto a inteligência emocional demanda 85% da capacidade do indivíduo na sua convivência social.
O questionamento que se faz é: Por que se dá tanta ênfase ao ensino apertado, ao cumprimento rigoroso de programas, provas, testes dentre outros, e se ignora ou desconhece-se a Inteligência Emocional? Não é proveitoso formar-se adultos, estudiosos, cientistas cultos se não sabem lidar com o outro, se são sujeitos frios, desprovidos de sensibilidade e humanismo.
A importância de se educar as emoções é notável, pois uma pessoa educada, emocionalmente, é um ser equilibrado, que sabe lidar com uma variedade de situações do cotidiano e com as pluralidades de ideias, pessoas e sentimentos. Destaca-se que educar para as emoções não significa abandonar os conteúdos do currículo escolar convencional, mas integrá-las de forma que sejam trabalhadas constantemente, destacando sempre seu caráter inter e multidisciplinar.
Como destaca o educador Paulo Freire “e escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima”. A escola não é uma mera construção de concreto e cimento, mas uma célula viva, viva como a própria educação, não consiste, portanto, numa experiência fria, mas repleta de ações, vivências e emoções.
As instituições escolares e os pais precisam atentar para o fato de que qualidade no ensino não significa horas exaustivas de estudos e notas boas, mas a capacidade do educando ser autônomo, ter autonomia para (re) elaborar conhecimentos; colaborativo, saber lidar com o outro e trabalhar em equipe; e um ser criativo, dinâmico. O memorável educador Rubem Alves destaca que muitas escolas não passam de jacarés. Devoram as crianças em nome do rigor, do ensino apertado, da boa base, do preparo para o vestibular. É com essa propaganda que elas convencem os pais e cobram mais caro... Mas e a infância? E o dia que não se repetirá nunca mais? Infelizmente o Brasil ainda tem muito dessas escolas, “escolas jacarés”.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Alunos deficientes, por Içami Tiba
A maioria dos professores sabe que em uma sala de aula não há um aluno que seja idêntico a outro, como em qualquer outro ambiente em que se juntem pessoas como na família, na escola, na igreja, no trabalho, na sociedade, onde quer que seja. No planeta, cada terráqueo é um ser humano distinto do outro com suas características pessoais que nenhum outro terá totalmente idêntica.
O que diferencia um humano do outro são, na sua imensa maioria, os padrões e traços adquiridos após o nascimento através da infinita capacidade que os humanos têm de absorção, de aprendizagem, de desenvolvimento e de práticas constantes,como cultura, religião, idioma, habilidades específicas, alimentação, padrões sexuais etc.
O nosso nascimento dependeu de uma união de óvulo e espermatozoide em um ambiente adequado, útero ou similar artificial. Num mesmo país, depende da região em que se nasce, da família do qual nasceu, das condições locais de saúde, cultura, costumes, nível social, financeiro, religioso etc. Ninguém nasce por vontade própria. Mesmo a própria condição da família é diferente a cada nascimento de um filho, o que o torna diferente dos demais irmãos. Por mais que as variáveis sejam parecidas, cada filho é resultado de uma soma que ninguém ainda conseguiu calcular o número exato de quantas ações, reações e interações químicas, bioquímicas, fisiológicas, aconteceram para se chegar ao DNA de cada um...
Somos todos resultados de um sem-número, portanto, quase infinito, de crescimentos, desenvolvimentos, associações positivas e negativas que torna totalmente impossível encontrarmos dois seres humanos totalmente idênticos. Ponto final.
Partindo desta ideia de que somos totalmente independentes e muito diferentes uns dos outros, estabelecemos um padrão comum encontrado para subdividir os humanos em grupos. Os que pertencem e os que não pertencem a um padrão médio de funcionamento. Se escolhermos um padrão médio de funcionamento humano, seja o da locomoção, da audição, da visão, da articulação da voz, da inteligência racional, encontraremos os fora deste padrão como o paraplégico, o surdo, o cego, o mudo, o deficiente mental etc. Todos estes são deficientes em relação ao padrão considerado
- portanto são diferentes da média, mas não são desiguais. Todos devem receber o que lhes são devidos, principalmente na educação.
Estarão as famílias, as escolas, a sociedade preparadas para educarem pessoas deficientes? Com certeza, não. Os diferentes até há pouco tempo eram isoladas pelos “normais” (que têm o padrão médio considerado), e pouco se fazia para integrá-los à sociedade.
Existe ainda hoje o preconceito contra os deficientes quando trata estes seres humanos que têm, com certeza, outros padrões que se encaixam na “normalidade”, rejeitando-o como um todo. Inclusive este preconceito existe e por ser negado e não enfrentado e superado, os professores “normais” não estão sendo preparados nas suas formações acadêmicas para atender os alunos deficientes junto com os “normais”. O ensinar o deficiente tem suas características específicas e, agrupá-los em algumas atividades específicas determinadas pelas suas dificuldades, torna-se tão necessário quanto valorizar seus padrões não diferentes, incluindo-os em atividades comuns.
Como pode um professor em sala de aula atender pessoas deficientes no meio de tantos “normais”? Como pode um professor deixar de atender alunos deficientes se sua matéria não depende do padrão deficiente que um aluno tenha para aprender?
Estamos ainda muito próximos do jurássico comportamento de isolar o deficiente quando o que ele mais precisa é ser ajudado a ser integrado, tanto pelos “normais” quanto por ele mesmo.
O que diferencia um humano do outro são, na sua imensa maioria, os padrões e traços adquiridos após o nascimento através da infinita capacidade que os humanos têm de absorção, de aprendizagem, de desenvolvimento e de práticas constantes,como cultura, religião, idioma, habilidades específicas, alimentação, padrões sexuais etc.
O nosso nascimento dependeu de uma união de óvulo e espermatozoide em um ambiente adequado, útero ou similar artificial. Num mesmo país, depende da região em que se nasce, da família do qual nasceu, das condições locais de saúde, cultura, costumes, nível social, financeiro, religioso etc. Ninguém nasce por vontade própria. Mesmo a própria condição da família é diferente a cada nascimento de um filho, o que o torna diferente dos demais irmãos. Por mais que as variáveis sejam parecidas, cada filho é resultado de uma soma que ninguém ainda conseguiu calcular o número exato de quantas ações, reações e interações químicas, bioquímicas, fisiológicas, aconteceram para se chegar ao DNA de cada um...
Somos todos resultados de um sem-número, portanto, quase infinito, de crescimentos, desenvolvimentos, associações positivas e negativas que torna totalmente impossível encontrarmos dois seres humanos totalmente idênticos. Ponto final.
Partindo desta ideia de que somos totalmente independentes e muito diferentes uns dos outros, estabelecemos um padrão comum encontrado para subdividir os humanos em grupos. Os que pertencem e os que não pertencem a um padrão médio de funcionamento. Se escolhermos um padrão médio de funcionamento humano, seja o da locomoção, da audição, da visão, da articulação da voz, da inteligência racional, encontraremos os fora deste padrão como o paraplégico, o surdo, o cego, o mudo, o deficiente mental etc. Todos estes são deficientes em relação ao padrão considerado
- portanto são diferentes da média, mas não são desiguais. Todos devem receber o que lhes são devidos, principalmente na educação.
Estarão as famílias, as escolas, a sociedade preparadas para educarem pessoas deficientes? Com certeza, não. Os diferentes até há pouco tempo eram isoladas pelos “normais” (que têm o padrão médio considerado), e pouco se fazia para integrá-los à sociedade.
Existe ainda hoje o preconceito contra os deficientes quando trata estes seres humanos que têm, com certeza, outros padrões que se encaixam na “normalidade”, rejeitando-o como um todo. Inclusive este preconceito existe e por ser negado e não enfrentado e superado, os professores “normais” não estão sendo preparados nas suas formações acadêmicas para atender os alunos deficientes junto com os “normais”. O ensinar o deficiente tem suas características específicas e, agrupá-los em algumas atividades específicas determinadas pelas suas dificuldades, torna-se tão necessário quanto valorizar seus padrões não diferentes, incluindo-os em atividades comuns.
Como pode um professor em sala de aula atender pessoas deficientes no meio de tantos “normais”? Como pode um professor deixar de atender alunos deficientes se sua matéria não depende do padrão deficiente que um aluno tenha para aprender?
Estamos ainda muito próximos do jurássico comportamento de isolar o deficiente quando o que ele mais precisa é ser ajudado a ser integrado, tanto pelos “normais” quanto por ele mesmo.
domingo, 27 de novembro de 2011
Orientando um deficiente visual no uso do computador
O primeiro contato do deficiente visual com o computador é um momento cercado de múltiplos sentimentos, misturando insegurança com curiosidade, despertando medo e ansiedade, e acima de tudo uma vontade imensa de conquistar a independência para realizar tarefas comuns ao dia-a-dia, mas que para ele, até então, não seriam possíveis sem a mediação de um vidente, o que tornam suas ações restritas.
O computador precisa ser apresentado em sua totalidade, não como algo intocável, cuja fragilidade não permite explorações, mas como um objeto que esteja a serviço do homem, uma ferramenta que mereça ser tocada, ser experimentada em suas diversas características físicas ou operacionais.
O deficiente visual não precisa ter medo do computador e, para isso, o professor/mediador pode tentar criar um clima de descobertas, propiciando esse contato e essa aproximação, bem como estabelecer uma relação de segurança e confiança entre ambos: usuário/mediador/equipamento.
A partir do reconhecimento da estrutura física do computador, um diálogo torna-se fundamental, para traçar metas, objetivos, finalidades, procurando compreender o porquê e o para quê esse novo conhecimento se aplica no dia-a-dia desses usuários.
Muitas ações são essenciais e dependem da etapa de aprendizado que esse educando se encontra, podendo aliar escrita/leitura do código Braille às funções do software ou apenas inserir o comando de voz a quem já domine a língua escrita ou, ainda, substituir o visual pelo áudio no caso de adultos já familiarizados com o mundo digital. E, uma outra oportunidade seria a utilização do computador para alfabetização/reabilitação no caso de experiências sem sucesso com o código Braille. Em quaisquer situações o uso do teste do teclado é insubstituível, e em certos casos podemos introduzir algumas marcas específicas no teclado, como etiquetas em Braille.
Conhecer a posição das teclas, identificar o som que cada uma produz (maiúscula e minúscula), até mesmo medir a força/pressão dos dedos para teclar é algo de extremo valor no início do aprendizado em informática. Posteriormente podemos navegar em seus menus, apresentando as opções do programa, leitor de documentos, editor de texto, jogos, entre outros. Gradativamente iremos ampliando essas explorações de acordo com o grau de dificuldade e com o desempenho de cada um diante das novas ações que estão sendo implementadas. O leitor de documentos é um dos aplicativos de maior importância para a familiarização da voz (pronúncia de palavras, leitura de frases, pontuação). Nessa etapa surge uma enorme dificuldade para compreender o que se fala, podendo diminuir as dúvidas de acordo com o uso. Quanto mais se escuta mais comum a voz se apresenta e a leitura surge com naturalidade.
O editor de texto é outro momento para explorar a digitação, assim como diferentes funções dentro do aplicativo.
Jogos e utilitários podem servir como apoio a construção dos conhecimentos em Dosvox. Uma outra observação pertinente ao tema, é a de que, no Dosvox, podemos utilizar diferentes caminhos para se chegar ao mesmo lugar, tornando-o ainda mais dinâmico. Basta esquecermos um dos caminhos que logo recorremos a outro pra substituir a lacuna que o esquecimento causou.
O computador pode e deve ser visto como uma ferramenta cognitiva que facilita a estruturação do trabalho, viabilizando a descoberta, oferecendo condições propícias para a construção do conhecimento.
Assim, a "informática" não deve ser vista como uma substituição do professor como mediador de um processo. É uma ferramenta que precisa ser utilizada a favor desse processo de ensino/aprendizagem e não contrário a ele. Estamos vivendo essa transição e, o "deficiente visual" também tem a oportunidade de estar cada vez mais próximo desse recurso, participando dessa evolução.
O acesso à informação pelo deficiente visual, até o surgimento de um sistema que possibilitasse sua interação com o computador, estava restrito ao uso do Sistema Braille, método essencial na etapa de alfabetização, na qual o contato com a palavra escrita, sua forma gráfica e distribuição no papel são essenciais para o processo. Porém o isolamento do deficiente visual, sobretudo adultos em processo de escolarização, reabilitação e profissionalização estava limitado aos seus pares, em que o Braille só permitia a comunicação entre os que o dominavam ou, através de transcrições dependendo de terceiros para atingir tal finalidade.
Por outro lado, as informações via áudio são falhas no sentido em que não se possibilita navegar no texto letra a letra, saber como as palavras são escritas, retornar e avançar com rapidez um determinado trecho.
Para isso, o Dosvox veio trazer a liberdade e independência que o deficiente visual precisava, autonomia esta que está sendo conquistada, aprimorada e reconstruída dia-a-dia com as constantes transformações tecnológicas, pois num momento em que o mundo se encontra conectado constantemente com a informação o deficiente visual ganha seu espaço não só para a conquista de sua comunicação, mas uma forma eficaz de inclusão escolar, profissional e social, podendo ele interagir com o mundo, ir além dos limites que sua visão alcança...
É ampliar suas possibilidades não apenas de interação homem/máquina, mas, sobretudo da interação entre todos nós!!!
Construir e reconstruir espaços acessíveis sejam eles dentro ou fora do ambiente educativo, tem como objetivo atingir um número cada vez maior de pessoas.
Devemos priorizar as múltiplas maneiras que os Deficientes Visuais apresentam de perceber e relacionar-se com o mundo, não evidenciando as deficiências, longe da super proteção e aproximando-se de uma maior valorização do ser humano. Percebemos, nessa longa caminhada, os desafios e obstáculos que temos que vencer dia-a-dia, porém não estamos sozinhos...
Trabalhar com Educação Especial/Inclusão Escolar é algo muito gratificante, até porque vivi e vivencio isso na prática e, a partir dessas experiências, aliadas à uma formação teórico/prática, tenho a missão de transformar as dificuldades em superação.
Fonte: Planeta educação - texto Luciane Maria Molina Barbosa
O computador precisa ser apresentado em sua totalidade, não como algo intocável, cuja fragilidade não permite explorações, mas como um objeto que esteja a serviço do homem, uma ferramenta que mereça ser tocada, ser experimentada em suas diversas características físicas ou operacionais.
O deficiente visual não precisa ter medo do computador e, para isso, o professor/mediador pode tentar criar um clima de descobertas, propiciando esse contato e essa aproximação, bem como estabelecer uma relação de segurança e confiança entre ambos: usuário/mediador/equipamento.
A partir do reconhecimento da estrutura física do computador, um diálogo torna-se fundamental, para traçar metas, objetivos, finalidades, procurando compreender o porquê e o para quê esse novo conhecimento se aplica no dia-a-dia desses usuários.
Muitas ações são essenciais e dependem da etapa de aprendizado que esse educando se encontra, podendo aliar escrita/leitura do código Braille às funções do software ou apenas inserir o comando de voz a quem já domine a língua escrita ou, ainda, substituir o visual pelo áudio no caso de adultos já familiarizados com o mundo digital. E, uma outra oportunidade seria a utilização do computador para alfabetização/reabilitação no caso de experiências sem sucesso com o código Braille. Em quaisquer situações o uso do teste do teclado é insubstituível, e em certos casos podemos introduzir algumas marcas específicas no teclado, como etiquetas em Braille.
Conhecer a posição das teclas, identificar o som que cada uma produz (maiúscula e minúscula), até mesmo medir a força/pressão dos dedos para teclar é algo de extremo valor no início do aprendizado em informática. Posteriormente podemos navegar em seus menus, apresentando as opções do programa, leitor de documentos, editor de texto, jogos, entre outros. Gradativamente iremos ampliando essas explorações de acordo com o grau de dificuldade e com o desempenho de cada um diante das novas ações que estão sendo implementadas. O leitor de documentos é um dos aplicativos de maior importância para a familiarização da voz (pronúncia de palavras, leitura de frases, pontuação). Nessa etapa surge uma enorme dificuldade para compreender o que se fala, podendo diminuir as dúvidas de acordo com o uso. Quanto mais se escuta mais comum a voz se apresenta e a leitura surge com naturalidade.
O editor de texto é outro momento para explorar a digitação, assim como diferentes funções dentro do aplicativo.
Jogos e utilitários podem servir como apoio a construção dos conhecimentos em Dosvox. Uma outra observação pertinente ao tema, é a de que, no Dosvox, podemos utilizar diferentes caminhos para se chegar ao mesmo lugar, tornando-o ainda mais dinâmico. Basta esquecermos um dos caminhos que logo recorremos a outro pra substituir a lacuna que o esquecimento causou.
O computador pode e deve ser visto como uma ferramenta cognitiva que facilita a estruturação do trabalho, viabilizando a descoberta, oferecendo condições propícias para a construção do conhecimento.
Assim, a "informática" não deve ser vista como uma substituição do professor como mediador de um processo. É uma ferramenta que precisa ser utilizada a favor desse processo de ensino/aprendizagem e não contrário a ele. Estamos vivendo essa transição e, o "deficiente visual" também tem a oportunidade de estar cada vez mais próximo desse recurso, participando dessa evolução.
O acesso à informação pelo deficiente visual, até o surgimento de um sistema que possibilitasse sua interação com o computador, estava restrito ao uso do Sistema Braille, método essencial na etapa de alfabetização, na qual o contato com a palavra escrita, sua forma gráfica e distribuição no papel são essenciais para o processo. Porém o isolamento do deficiente visual, sobretudo adultos em processo de escolarização, reabilitação e profissionalização estava limitado aos seus pares, em que o Braille só permitia a comunicação entre os que o dominavam ou, através de transcrições dependendo de terceiros para atingir tal finalidade.
Por outro lado, as informações via áudio são falhas no sentido em que não se possibilita navegar no texto letra a letra, saber como as palavras são escritas, retornar e avançar com rapidez um determinado trecho.
Para isso, o Dosvox veio trazer a liberdade e independência que o deficiente visual precisava, autonomia esta que está sendo conquistada, aprimorada e reconstruída dia-a-dia com as constantes transformações tecnológicas, pois num momento em que o mundo se encontra conectado constantemente com a informação o deficiente visual ganha seu espaço não só para a conquista de sua comunicação, mas uma forma eficaz de inclusão escolar, profissional e social, podendo ele interagir com o mundo, ir além dos limites que sua visão alcança...
É ampliar suas possibilidades não apenas de interação homem/máquina, mas, sobretudo da interação entre todos nós!!!
Construir e reconstruir espaços acessíveis sejam eles dentro ou fora do ambiente educativo, tem como objetivo atingir um número cada vez maior de pessoas.
Devemos priorizar as múltiplas maneiras que os Deficientes Visuais apresentam de perceber e relacionar-se com o mundo, não evidenciando as deficiências, longe da super proteção e aproximando-se de uma maior valorização do ser humano. Percebemos, nessa longa caminhada, os desafios e obstáculos que temos que vencer dia-a-dia, porém não estamos sozinhos...
Trabalhar com Educação Especial/Inclusão Escolar é algo muito gratificante, até porque vivi e vivencio isso na prática e, a partir dessas experiências, aliadas à uma formação teórico/prática, tenho a missão de transformar as dificuldades em superação.
Fonte: Planeta educação - texto Luciane Maria Molina Barbosa
Educação Pós-Moderna
Celular toca...
- Paulinho, meu filho, acorda e vai estudar!
- Estou estudando, Mãe...
- Paulinho, estou vendo pela webcam que você está deitado dormindo, levanta!
- Ah... Mãe... já estudei muito hoje, só um cochilo...
- Paulinho, acompanhei seu dia pelo Twitter e a única coisa que você não fez foi estudar. Por falar nisso, o que significa a postagem “com a Carlinha no meu quarto” às 14:15h?
- Mãe, a Carlinha é da escola e veio aqui tirar umas dúvidas minhas para a prova de amanhã.
- É mesmo Paulinho? Será que essa Carlinha é a mesma das suas novas fotos no Facebook, da noite “frenética” de ontem, que você me disse que ia passar estudando na casa do Jorginho? Até onde sei, sua prova amanhã é de matemática e não anatomia!
- Paulinho, se eu receber mais um scrap de sua professora pelo Orkut, vou ter que enviar um email formal a diretoria de sua escola com as evidências dos “porquês” de suas notas baixas.
- Mas, Mãe..... eu....
- Paulinho, não tem mas, nem mais... Tô vendo aqui pelo GPS do seu pai que ele estará em casa em poucos minutos e vamos ter uma conversinha, viu mocinho? Assim que ele colocar os pés em casa, te mando um torpedo e quero você imediatamente aqui na sala.
A modernidade chegou para trazer, transparência, conectividade, controle e gestão em qualquer aplicação!
Ana Flávia Corujo
Educação
Faço cada noite o balanço do meu dia: se ele foi estéril como educação pessoal, sou impiedoso com os que me fizeram perdê-lo...
A vida corriqueira tem tão pouca importancia, e se parece tanto; a vida interior é difícil de dizer, há uma espécie de pudor, é tão pretencioso falar a respeito. Você não pode imaginar como é a única coisa que importa para mim, o que modifica todos os valores, até meus julgamentos sobre os outros...
Antes de tudo, sou duro comigo mesmo, e tenho todo o direito de renegar nos outros o que renego ou corrijo em mim.
Antoine de Saint-Exupéry
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
A educação inclusiva uma utopia?
No Brasil o discurso sobre inclusão de pessoas com deficiência quer seja na escola, trabalho, lazer, espaços sociais tem sido ainda uma utopia. As mudanças de fato estão sendo forjadas por grupos de pais mais organizados, educadores, alguns líderes políticos, entidades, ONGs e os meios de comunicação. Está caminhando a passos curtos, mas caminhando em alguns locais, regiões.
A preocupação reside ainda, somente com os resultados quantitativos como, por exemplo, quantos alunos com deficiência estão matriculados nas escolas do Brasil, do que com os resultados qualitativos das relações com aprendizagem e conhecimento, que seria importante saber, por exemplo, de que maneira estes alunos estão matriculados, como estão sendo atendidas as necessidades singulares destes alunos, como estão aprendendo, se relacionando, se estão felizes e realizados. Do ponto de vista dos professores, as perguntas recairiam, estão sendo capacitados e aprendendo de fato, mudaram suas atitudes, o currículo e avaliação da escola foram modificados e o plano político pedagógico, há cooperação entre a saúde e educação para atender os casos de alunos com autismo, dentre outros que precisam de atendimento clínico especializado, e viriam muitas outras indagações, sem falar das questões da família que vamos ponderar mais abaixo.
Perguntas estas que não calam, mas ficam veladas a espera de atitudes mais eficientes e humanizadoras. Muitas ações de políticas públicas do governo federal estão sendo efetivadas e apoiadas no âmbito estadual e municipal. Contudo, as escolas estaduais por serem maiores em demanda de alunos sendo que na mesma proporção acontece com o numero de seus professores que precisam ter formação para compreenderem a educação inclusiva, são as que apresentam as maiores dificuldades em relação às escolas municipais e particulares. O Ministério da Educação tem em seu bojo uma proposta de vanguarda, mas as dificuldades são de ordem pragmática, ou seja, políticas públicas mais eficientes, investimentos em formação e materiais pedagógicos (tecnologias assistidas), trabalho e investimento para mudança cultural de atitudes ainda preconceituosas e falta de informação para a população geral.
A Educação Inclusiva não se restringe a educação, mas uma forma social de relacionar-se com o ser humano. É um processo árduo, desafiador mudar a cultura do ser humano!
O que observamos é que cada um faz uma parte que nem sempre forma um todo convergente, um emaranhado entre leis, projetos, iniciativas, verbas, metodologias que por muitas vezes se desencontram da concepção humanística, tornam-se apenas uma retórica universitária ou um projeto político fugaz.
A educação inclusiva é um direito humano, é uma educação de qualidade e precisa ter um bom senso social. Uma escola inclusiva é aquela que encoraja todas as crianças a aprenderem juntas, colaborando e cooperando mutuamente. Uma escola que discorde da prática de separar as crianças em capazes e incapazes. Uma escola que concorde que todas as crianças são capazes e que cada criança é capaz a seu modo. Uma escola que admite que cada criança aprende de um jeito só dela e, por isso, tem o direito de aprender do jeito dela. Uma escola que ensina o que as crianças querem e precisam aprender em função da situação de vida de cada criança. Uma escola que faça das crianças felizes!
Mas ainda as escolas estão focadas para que as crianças passem no vestibular, sejam competitivas, individualistas que é bem diferente de ser independente e autônoma.
Partimos do pressuposto de que entendemos a Educação Inclusiva como sendo um conceito muito mais amplo do que o de inserção do aluno com deficiência nas escolas regulares, como é resumidamente pensado, mas com uma visão mais expansiva do caminho a ser percorrido por este sujeito, desde a hora do seu nascimento, com uma acolhida planejada e articulada entre os profissionais das diversas áreas. Parto do princípio de uma inclusão programada e gradativa, responsável passo a passo dentro de um referencial ético. Tanto para quem está sendo incluído podendo ser “a criança, jovem, adulto, a família”, todos estão saindo de um modelo de exclusão, todos estavam ou estão em alguma medida institucionalizada quer seja em escolas especiais, classes especiais ou qualquer outra forma de exclusão social marginal.
O trabalho em conjunto com a família é fundamental não existe inclusão se a família não fizer parte do processo, muitas vezes só trocamos o aluno de lugar a os pais continuam reagindo da mesma forma, não há apoio, não há compreensão, apenas a necessidade de resultados. A família também precisa ser incluída, desde a sensibilização aos professores e capacitação continuada, enfim todos deverão fazer parte do processo.
Numa outra perspectiva, constatamos uma inegável mudança de postura, de concepções e atitudes por parte de educadores, pesquisadores, de agentes sociais, formadores de opinião e do público em geral. Estas mudanças se traduzem na incorporação das diferenças como atributos naturais da humanidade, no reconhecimento e na afirmação de direitos, na abertura para inovações no campo teórico-prático e na assimilação de valores, princípios e metas a serem alcançadas.
Também precisamos de medidas que visem assegurar os direitos conquistados, cada vez mais à melhoria da qualidade da educação, e investimentos em uma ampla formação dos educadores, a remoção de barreiras físicas e atitudinais, a previsão e provisão de recursos materiais e humanos entre outras possibilidades. Nesta dimensão se potencializa um movimento de transformação da realidade para se conseguir reverter o percurso de exclusão de crianças, jovens e adultos com ou sem deficiência no sistema educacional.
Alguns dos trabalhos mais recentes realizados por Edgar Morin (2002) para a Unesco tentam responder a interrogações que nos esperam a cada dia quando entramos na sala de aula: o que a escola tem para ensinar?
Ensinar as cegueiras do conhecimento: dar a oportunidade de aprender sobre a ilusão e os “erros da mente”; ensinar os princípios do conhecimento pertinente: ensinar a interpretar o contexto e a resolver problemas; ensinar a condição humana: ensinando que o ser humano é ao mesmo tempo físico biológico, psíquico, cultural, social e histórico, ensinar a identidade terrena e a história da terra: para que se compreenda desde idades tenras que o destino do homem está intimamente ligado ao destino da terra e da natureza.
Enfim acredito, aposto na utopia da escola inclusiva. Posso dizer que sofro de “utopismo”, que consiste na ideia de idealizar não apenas um lugar, mas uma vida, um futuro, ou qualquer outro tipo de coisa, numa visão fantasiosa, sonhadora e normalmente contrária ao mundo real.
O “utopismo” é um modo absurdamente otimista de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas fossem. E se os sonhos podem ser transformados em realidade, então vamos lá, mãos a obra!
Drª Marina S. Rodrigues Almeida
Psicóloga, Psicopedagoga e Consultora de Educação Inclusiva
Filhos & CIA
A preocupação reside ainda, somente com os resultados quantitativos como, por exemplo, quantos alunos com deficiência estão matriculados nas escolas do Brasil, do que com os resultados qualitativos das relações com aprendizagem e conhecimento, que seria importante saber, por exemplo, de que maneira estes alunos estão matriculados, como estão sendo atendidas as necessidades singulares destes alunos, como estão aprendendo, se relacionando, se estão felizes e realizados. Do ponto de vista dos professores, as perguntas recairiam, estão sendo capacitados e aprendendo de fato, mudaram suas atitudes, o currículo e avaliação da escola foram modificados e o plano político pedagógico, há cooperação entre a saúde e educação para atender os casos de alunos com autismo, dentre outros que precisam de atendimento clínico especializado, e viriam muitas outras indagações, sem falar das questões da família que vamos ponderar mais abaixo.
Perguntas estas que não calam, mas ficam veladas a espera de atitudes mais eficientes e humanizadoras. Muitas ações de políticas públicas do governo federal estão sendo efetivadas e apoiadas no âmbito estadual e municipal. Contudo, as escolas estaduais por serem maiores em demanda de alunos sendo que na mesma proporção acontece com o numero de seus professores que precisam ter formação para compreenderem a educação inclusiva, são as que apresentam as maiores dificuldades em relação às escolas municipais e particulares. O Ministério da Educação tem em seu bojo uma proposta de vanguarda, mas as dificuldades são de ordem pragmática, ou seja, políticas públicas mais eficientes, investimentos em formação e materiais pedagógicos (tecnologias assistidas), trabalho e investimento para mudança cultural de atitudes ainda preconceituosas e falta de informação para a população geral.
A Educação Inclusiva não se restringe a educação, mas uma forma social de relacionar-se com o ser humano. É um processo árduo, desafiador mudar a cultura do ser humano!
O que observamos é que cada um faz uma parte que nem sempre forma um todo convergente, um emaranhado entre leis, projetos, iniciativas, verbas, metodologias que por muitas vezes se desencontram da concepção humanística, tornam-se apenas uma retórica universitária ou um projeto político fugaz.
A educação inclusiva é um direito humano, é uma educação de qualidade e precisa ter um bom senso social. Uma escola inclusiva é aquela que encoraja todas as crianças a aprenderem juntas, colaborando e cooperando mutuamente. Uma escola que discorde da prática de separar as crianças em capazes e incapazes. Uma escola que concorde que todas as crianças são capazes e que cada criança é capaz a seu modo. Uma escola que admite que cada criança aprende de um jeito só dela e, por isso, tem o direito de aprender do jeito dela. Uma escola que ensina o que as crianças querem e precisam aprender em função da situação de vida de cada criança. Uma escola que faça das crianças felizes!
Mas ainda as escolas estão focadas para que as crianças passem no vestibular, sejam competitivas, individualistas que é bem diferente de ser independente e autônoma.
Partimos do pressuposto de que entendemos a Educação Inclusiva como sendo um conceito muito mais amplo do que o de inserção do aluno com deficiência nas escolas regulares, como é resumidamente pensado, mas com uma visão mais expansiva do caminho a ser percorrido por este sujeito, desde a hora do seu nascimento, com uma acolhida planejada e articulada entre os profissionais das diversas áreas. Parto do princípio de uma inclusão programada e gradativa, responsável passo a passo dentro de um referencial ético. Tanto para quem está sendo incluído podendo ser “a criança, jovem, adulto, a família”, todos estão saindo de um modelo de exclusão, todos estavam ou estão em alguma medida institucionalizada quer seja em escolas especiais, classes especiais ou qualquer outra forma de exclusão social marginal.
O trabalho em conjunto com a família é fundamental não existe inclusão se a família não fizer parte do processo, muitas vezes só trocamos o aluno de lugar a os pais continuam reagindo da mesma forma, não há apoio, não há compreensão, apenas a necessidade de resultados. A família também precisa ser incluída, desde a sensibilização aos professores e capacitação continuada, enfim todos deverão fazer parte do processo.
Numa outra perspectiva, constatamos uma inegável mudança de postura, de concepções e atitudes por parte de educadores, pesquisadores, de agentes sociais, formadores de opinião e do público em geral. Estas mudanças se traduzem na incorporação das diferenças como atributos naturais da humanidade, no reconhecimento e na afirmação de direitos, na abertura para inovações no campo teórico-prático e na assimilação de valores, princípios e metas a serem alcançadas.
Também precisamos de medidas que visem assegurar os direitos conquistados, cada vez mais à melhoria da qualidade da educação, e investimentos em uma ampla formação dos educadores, a remoção de barreiras físicas e atitudinais, a previsão e provisão de recursos materiais e humanos entre outras possibilidades. Nesta dimensão se potencializa um movimento de transformação da realidade para se conseguir reverter o percurso de exclusão de crianças, jovens e adultos com ou sem deficiência no sistema educacional.
Alguns dos trabalhos mais recentes realizados por Edgar Morin (2002) para a Unesco tentam responder a interrogações que nos esperam a cada dia quando entramos na sala de aula: o que a escola tem para ensinar?
Ensinar as cegueiras do conhecimento: dar a oportunidade de aprender sobre a ilusão e os “erros da mente”; ensinar os princípios do conhecimento pertinente: ensinar a interpretar o contexto e a resolver problemas; ensinar a condição humana: ensinando que o ser humano é ao mesmo tempo físico biológico, psíquico, cultural, social e histórico, ensinar a identidade terrena e a história da terra: para que se compreenda desde idades tenras que o destino do homem está intimamente ligado ao destino da terra e da natureza.
Enfim acredito, aposto na utopia da escola inclusiva. Posso dizer que sofro de “utopismo”, que consiste na ideia de idealizar não apenas um lugar, mas uma vida, um futuro, ou qualquer outro tipo de coisa, numa visão fantasiosa, sonhadora e normalmente contrária ao mundo real.
O “utopismo” é um modo absurdamente otimista de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas fossem. E se os sonhos podem ser transformados em realidade, então vamos lá, mãos a obra!
Drª Marina S. Rodrigues Almeida
Psicóloga, Psicopedagoga e Consultora de Educação Inclusiva
Filhos & CIA
domingo, 20 de novembro de 2011
Consciência Negra
Se lhe pedirem para ser varredor de ruas, varra as ruas como Michelangelo pintava, como Bethoven compunha ou como Shakespeare escrevia. Obs.: Martin Luther King, líder pacifista negro americano ~ Frase de Martín Luther King
Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver. "Martin Luther
King"...a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: - O que fiz hoje pelos outros???...
...
"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons."
...
É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.
É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.
Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver
´Martin Luther King...
´Não fiz o melhor, mas fiz tudo para que o melhor fosse feito .Não sou o que deveria ser, mas não sou o que era antes.´
Martin Luther King
Nós nao podemos nos concentrar somente na negatividade da guerra, mas tambem na positividade da paz "Martin Luther King"O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício. "Martin Luther King"
Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos a simples arte de vivermos juntos como irmãos...
a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: - O que fiz hoje pelos outros???...""Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados pelo caráter, e não pela cor da pele." Este é um trecho do famoso discurso de Martin Luther King em Washington, capital dos Estados Unidos, proferido no dia de 28 de agosto de 1963, numa manifestação que reuniu milhares de pessoas pelo fim do preconceito e da discriminação racial.
Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver. "Martin Luther
King"...a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: - O que fiz hoje pelos outros???...
...
"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons."
...
É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.
É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.
Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver
´Martin Luther King...
´Não fiz o melhor, mas fiz tudo para que o melhor fosse feito .Não sou o que deveria ser, mas não sou o que era antes.´
Martin Luther King
Nós nao podemos nos concentrar somente na negatividade da guerra, mas tambem na positividade da paz "Martin Luther King"O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício. "Martin Luther King"
Aprendemos a voar como os pássaros, a nadar como os peixes; mas não aprendemos a simples arte de vivermos juntos como irmãos...
a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: - O que fiz hoje pelos outros???...""Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados pelo caráter, e não pela cor da pele." Este é um trecho do famoso discurso de Martin Luther King em Washington, capital dos Estados Unidos, proferido no dia de 28 de agosto de 1963, numa manifestação que reuniu milhares de pessoas pelo fim do preconceito e da discriminação racial.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Fórum Tribal Regional
A Tribo Visão Solidária da Escola Estadual de Ensino Médio Irmão José Otão, esteve hoje (18/11), esteve em Bento Gonçalves, participando do Fórum Regional, que reuniu TRIBOS da Serra. Na ocasião apresentaram "A Revolta da Rapunzel", uma adaptação livre do conto. Entregamos também cópia do folder produzido pela Tribo, com dicas de como se relacionar com pessoas com deficiência.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Os dez mandamentos da qualidade WERNECK, Hamilton
Agir positivo é qualidade
Ao acordar, não permita que algo que saiu errado ontem seja o primeiro tema do dia.
Pensar positivo é qualidade
Ao entrar no prédio de sua escola, cumprimente cada um que lhe dirigir o olhar, mesmo não sendo colega de sua área.
Ser educado é qualidade
Seja metódico ao abrir seu armário, ligar seu terminal, disponibilizar os recursos ao redor. Comece relembrando as notícias de ontem.
Ser organizado é qualidade
Não se deixe envolver pela primeira informação de erro recebida de quem talvez não saiba de todos os detalhes. Junte mais dados que lhe permitam obter um parecer correto sobre o assunto.
Ser prevenido é qualidade
Quando for abordado por alguém, tente adiar sua própria tarefa, pois quem veio lhe procurar deve estar precisando bastante de sua ajuda e confia em você. Ele ficará feliz pelo auxílio que você possa lhe dar.
Ser atencioso é qualidade
Não deixe de alimentar-se na hora do almoço. Pode ser até um pequeno lanche, mas respeite suas necessidades humanas. Aquela tarefa urgente pode aguardar mais 30 minutos. Se você adoecer, dezenas de tarefas terão de aguardar a sua volta, menos aquelas que acabarão por sobrecarregar seu colega.
Respeitar a saúde é qualidade
Dentro do possível, tente se agendar (tarefas comerciais e sociais) para os próximos 10 dias. Não fique trocando datas a todo momento, principalmente a minutos do evento.
Cumprir o combinado é qualidade
Ao comparecer a eventos, leve tudo o que for preciso para a ocasião, principalmente suas ideias. E divulgue-as sem receio. O máximo que poderá ocorrer é alguém poderoso ou o grupo não aceitá-las. Saiba esperar.
Ter paciência é qualidade
Não prometa o que está além do seu alcance só para impressionar quem o ouve.
Falar a verdade é qualidade
Deixe os problemas da escola na escola. Pense como vai ser bom chegar em casa e rever a família ou os amigos que lhe dão segurança para desenvolver suas tarefas com equilíbrio.
Amar a família e os amigos é a maior qualidade.
. Professor: agente da transformação. Rio de Janeiro: Wak Ed. 2008.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
DEFICIÊNCIA VSUAL
A visão é o mais importante canal de relacionamento do indivíduo com o mundo exterior. A cegueira sensorial foi sempre tratada, através dos séculos, com medo, superstição e ignorância. Na Idade Média, chegava-se a considerar a cegueira como um castigo dos céus.
Helen Keller abriu os olhos do mundo pra a imensa capacidade e disponibilidade que o deficiente visual tem de ser útil à sociedade e interagir com o meio.
Cabe à sociedade cooperar e dar oportunidade para que esses indivíduos, que têm limitação em seu relacionamento com o mundo, possam desenvolver e usufruir de toda a sua capacidade física e mental.
Pretendemos, com estas informações, esclarecer aos educadores, aos familiares e à sociedade em geral alguns tópicos sobre a deficiência visual, suas capacidades e limitações, ampliando nossos horizontes no relacionamento humano.
1- Considerações Gerais:
• Não se refira à cegueira como desgraça. Ela pode ser assim encarada logo após a perda da visão, mas a orientação adequada, a educação especial, a reabilitação e a profissionalização conseguem minimizar os seus efeitos.
• A cegueira não é contagiosa, razão pela qual cumprimente seu vizinho, conhecido ou amigo cego, identificando-se, pois ele não o enxerga.
• A cegueira não restringe o relacionamento com as pessoas nem com o meio ambiente, desde que as pessoas com as quais o cego conviva não lhe omitam ou encubram fatos e acontecimentos, o que lhe trará muita segurança ao constatar que foi enganado.
• O cego não enxerga a expressão fisionômica e os gestos das pessoas. Por este motivo fale sobre seus sentimentos e emoções, para que haja um bom relacionamento.
• Não trate a pessoa como um ser diferente porque ela não pode enxergar. Saiba que ela está sempre interessada nos acontecimentos, nas notícias, nas novidades, na VIDA.
• O cego não tem a visão das imagens que se sucedem na TV, no cinema, no teatro. Quando ele perguntar, descreva a cena, a ação e não os ruídos e diálogos, pois estes ele escuta muito bem.
• O cego organiza seu dinheiro com o auxílio de alguém de sua confiança que enxerga.
• Aqueles que se aproximam o dinheiro no rosto são pessoas com visão subnormal, que assim conseguem identificá-lo.
• Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você conheça, estendendo-se a outros cegos. Não se esqueça de que a natureza dotou a todos os seres de diferenças individuais mais ou menos acentuadas. O que os cegos têm em comum é a cegueira, porque cada um tem sua própria maneira de ser.
• Procure não limitar as pessoas cegas mais do que a própria cegueira o faz, impedindo-as de realizar o que elas sabem, e devem fazer sozinhas.
• Ao se dirigir a uma pessoa cega chame-a pelo seu nome. Chamá-la de cego ou ceguinho é falta elementar de educação podendo mesmo constituir ofensa chamar-se alguém pela palavra designativa de sua deficiência física, moral ou intelectual.
• A pessoa cega não necessita de piedade e sim de compreensão, oportunidade, valorização e respeito como qualquer pessoa. Mostrar-lhe exagerada solidariedade não à ajuda em nada.
• A pessoa cega, pelo fato de não ver, não significa que não ouça bem. Não fale com a pessoa cega como se ela fosse surda.
• Ao procurar saber o que ela deseja, pergunte o que ela deseja, pergunte a ela e não ao seu acompanhante.
• O cego tem condições de consultar o relógio (adaptado), discar o telefone ou assinar o nome, não havendo motivo para que se exclame "maravilhoso", "extraordinário".
• A pessoa cega não dispõe de "sexto sentido", nem de "compensação da natureza". Isto são recursos errôneos. O que há na pessoa cega é simples desenvolvimento de recursos latentes que existe em todas as pessoas.
• Conversando sobre a cegueira com quem não vê use a palavra cego sem rodeios, sem precisar modificar a linguagem para evitar a palavra ver e substituí-la por ouvir.
• Ao ajudar a pessoa cega a sentar-se, basta pôr-lhe a mão no espaldar ou no braço da cadeira, que isto indicará sua posição, sem necessidade de segurá-lo pelos braços ou rodar com ele e puxá-lo para a cadeira.
• Cuide para não deixar nada no meio do caminho por onde uma pessoa cega costuma passar.
• Ao entrar no recinto ou dele sair, onde haja uma pessoa cega, fale para anunciar sua presença e identificar-se.
• Quando estiver conversando com uma pessoa cega, necessitando afastar-se, comunique. Com isso você evitará a desagradável situação de deixá-la falando sozinha, chamando atenção dos outros sobre si.
• Ao encontrar-se com uma pessoa cega, ou despedir-se dela, aperte-lhe a mão. O aperto de mão cordial substitui para ela o sorriso amável.
• Ao encontrar um cego que você conhece vá logo dizendo-lhe quem é, cumprimentando-o. Colocações como "Sabe quem sou eu?"... "Veja se advinha quem está aqui... não vá dizer que não está me conhecendo..." Só o faça se tiver realmente muita intimidade com ele.
• Apresente seu vizinho cego a todas as pessoas presentes. Assim precedendo você facilitará a integração dele ao grupo.
• Ao notar qualquer incorreção no vestuário de uma pessoa cega comunique-lhe, para que ela não se veja na situação desagradável de suscitar a piedade alheia.
• Muitos cegos têm o hábito de ligar a luz, em casa ou no escritório. Isso lhe permite acender a luz para os outros e, não raro, ela própria prefere trabalhar com luz. Os que enxergam pouco (visão subnormal) beneficiam-se com o uso da luz.
• Ao dirigir-se ao cego para orientá-lo quanto ao ambiente, diga-lhe: a sua direita, a sua esquerda, para trás, para frente, para cima para baixo. Termos como aqui ou ali não lhe servem de referência.
• Encaminhe bebês, crianças, adolescentes, ao serviço de Educação Especial.
• O uso de óculos escuro para os tem duas finalidades de proteção do globo ocular e estética quando ele próprio preferir.
• Quando se dispuser a ler para uma pessoa cega, jornal, revista, etc., pergunte a ela o que deseja ser lido.
2. Na Residência:
• Mudanças de móveis constantes prejudicam a orientação e locomoção do cego. Ao necessitar fazê-lo, comunique-o para que ele se reorganize.
• Pequenos cuidados facilitarão a vida do deficiente visual. Assim, as portas deverão ficar fechadas ou totalmente abertas.
• Portas entreabertas favorecem que o mesmo se bata. Portinhas de armários aéreos bem como gavetas deverão estar sempre fechadas; cadeiras fora do lugar e pisos engordurados e escorregadios são perigosos.
• Os objetos de uso comum deverão ficar sempre no mesmo lugar, evitando assim cada vez que um cego necessite de um objeto, (tesoura, pente, lixeira, etc.) tenha que perguntar onde se encontram.
• Os objetos pessoais do cego devem ser mantidos onde ele os colocou, pois assim saberá encontrá-los.
• Na refeição, diga ao cego o que tem para comer e quando houver varais pessoas à mesa pergunte a ele, pelo seu nome, o que ele deseja.
• O prato pode ser pensado como se fosse um relógio e a comida distribuída segundo as horas. Assim, nas 12:00 horas, que fica para o centro da mesa, será colocado, por exemplo, o feijão. Nas 3:00 horas, à direita do prato, o arroz, nas 6:00 horas, próximo ao peito do cego, a carne, facilitando assim ser cortada por ele, e às 9:00 horas, à esquerda do prato, a salada. Prato cheio complica a vida de qualquer pessoa.
• O cego tem condições de usar garfo e faca, bem como pratos raso, podendo sozinho cortar a carne em seu prato. Firmando a carne com o garfo, com a faca situa o tamanho da carne e o pedaço a ser cortado.
• Ao servir qualquer bebida não encha em demasia o copo ou a xícara, alcançando-os na mão do cego para que ele possa situar-se quanto a sua localização.
• Não fique preocupado em orientar a colher ou o garfo da pessoa cega para apanhar a comida no prato. Ela pode falhar algumas vezes, mas acabará por comer tudo. Ser-lhe-á penoso ter lhe dizer constantemente onde está o alimento.
• Pequenas marcações em objetos de utilização do cego poderão ajudá-lo a identificar, por exemplo, sua escova de dentes, sua toalha de banho, as cores das latinhas de pasta de sapatos, cor de roupas, as latas de mantimentos, etc. Estas poderão ser feitas em Braille, com esparadrapo, botão, cordão, pontos de costura ou outros.
• Objetos quebráveis (copos, garrafas térmicas, vasos de plantas, etc.) deixados na beirada de mesas, pias, móveis ou pelo chão constituem perigo para qualquer pessoa e obviamente perigo maior para o cego.
• Mostre a seu hospede cego as principais dependências de sua casa, a fim de que ele aprenda detalhes significativos e a posição relativa dos cômodos, podendo, assim, locomover-se sozinho. Para realizar essa tarefa devemos colocar o cego de costas para a porta de entrada e dali, com auxilio, ele mesmo fará o reconhecimento à direita à esquerda, como é cada peça e qual é a distribuição dos móveis.
3 - Na rua:
• Ao encontrar uma pessoa cega na rua, pergunte se ela necessita de ajuda, tal como: atravessar a rua, apanhar táxi ou ônibus, localizar e entrar em uma loja, etc.
• Ofereça auxilio à pessoa cega que esteja querendo atravessar a rua ou tomar condução. Embora seu oferecimento possa ser recusado, ou mal recebido, por algumas delas, esteja certo de que a maioria lhe agradecerá o gesto.
• O pedestre cego é muito mais observador que os outros. Ele tem meios e modos de saber onde está e para onde vai, se precisar estar contando os passos. Antes de sair de casa ele faz o que toda pessoa deveria fazer: procura saber bem o caminho a seguir para chegar a seu destino. Na primeira caminhada poderá errar um pouco, mas, depois raramente se enganará. Saliências, depressões, quaisquer ruídos e odores característicos, tudo ele observa para sua boa orientação. Nada é sobrenatural.
• Em locais desconhecidos, a pessoa cega necessita sempre de orientação, sobretudo para localizar a porta por onde deseja entrar.
• Não tenha constrangimento em receber ajuda, admitir colaboração ou aceitar gentilezas por parte de uma pessoa cega. Tenha sempre em mente que solidariedade humana deve ser praticada por todos e que ninguém é tão incapaz que não tenha algo para dar.
• Ao guiar a pessoa cega basta deixá-la segurar seu braço que o movimento de seu corpo lhe dará a orientação de que ela precisa. Nas passagens estreitas, tome a frente e deixe-a segui-lo, com a mão em seu ombro. Nos ônibus e escadas basta pôr-lhe a mão no corrimão.
• Quando passear com um cego que já estiver acompanhado não o pegue pelo outro braço, nem lhe fique dando avisos. Deixe-o ser orientado só por quem o estiver guiando.
• Ao atravessar um cruzamento guie a pessoa cega em L, que será de maior segurança para você e para ela. Cruzamento em diagonal pode fazê-la perder a orientação.
• Para indicar a entrada de um carro, faça a pessoa cega tocar com a mão na porta aberta do carro e com a outra mão no batente superior da porta. Avise-o se tem assento na dianteira, em caso de táxi.
• Ao bater a porta do automóvel, onde haja uma pessoa cega, certifique-se primeiro de que não vai prender-lhe os dedos. Estes são sua maior riqueza.
• Se você encontrar uma pessoa cega tentando fazer compras sozinha em uma loja ou supermercado, ofereça-se para ajudá-la. Para ela é muito difícil saber a exata localização dos produtos, assim como escolher marcas e preços.
• Não “siga” o deficiente visual, pois ele poderá perceber sua presença, perturbando-se e desorientando-se. Oriente sempre que for necessário.
• O deficiente visual, geralmente, sabe onde é o terminal de seu ônibus. Quando perguntar por determinada linha é para certificar-se em um ponto de ônibus onde passam várias linhas o deficiente visual necessita de seu auxilio para identificar o ônibus que deseja apanhar. Se passar seu ônibus onde passa só uma linha, o deficiente visual o identificará pelo ruído do motor, abertura de portas, movimento de pessoas subindo e descendo, necessitando sua ajuda apenas para localizar a porta. Em trajetos retos, sem mudança do solo, o cego não pode adivinhar o ponto onde deverá descer e precisará da sua colaboração. Em trajetos sinuosos ou que modificam o solo ele faz seu esquema mental e desce em seu ponto, sem precisar de auxilio. Quando você for descer de um ônibus e perceber que uma pessoa cega vai descer no mesmo ponto ofereça sua ajuda. Ela necessitara de sua ajuda para atravessar a rua ou informações sobre algum ponto de referência.
• Ajude a pessoa cega que pretende subir num ônibus colocando sua mão na alça externa vertical e ela subirá sozinha, sem necessidade de ser empurrada ou levantada.
• Dentro do ônibus não obrigue a sentar-se, deixando à sua escolha. Apenas informe-o onde há lugar colocando sua mão no assento ou no encosto caso ele deseje sentar-se.
• Constituem grande perigo para os deficientes visuais os obstáculos existentes nas calçadas tais como lixeiras, carros, motos, andaimes, venezianas abertas para fora, jardineiras, árvores cujos troncos atravessam a calçada, tampas de esgotos abertas, buracos, escadas, etc.
4. No trabalho
• Em função adequada e compatível, o deficiente visual produzirá igual ou mais que as pessoas de visão normal, pois seu potencial de concentração é bem mais utilizado.
• Ao ingressar na empresa o deficiente visual, como qualquer outro funcionário deve ser apresentado a todos os demais colegas, chefias e ser orientado quanto à área física (distribuição das salas, máquinas, banheiros, refeitório, outros).
• Todo cidadão tem direitos e deveres iguais frente à sociedade. Dessa forma o deficiente visual deve desempenhar, na íntegra, seu papel enquanto trabalhador cumprindo seus deveres, quanto à pontualidade, assiduidade, responsabilidade, relações humanas, etc.
• Se o deficiente visual não corresponder ao que a Em presa espera, não generalize os aspectos negativos a todos os deficientes visuais, lembre-se que cada pessoa tem características próprias.
• Pelo fato de ter-se tornado deficiente visual o trabalhador ou funcionário não deve ser estimulado a buscar sua aposentadoria, mas a reabilitar-se, podendo continuar na empresa ou habilitar-se em outras funções e outros cargos. Alguma instituição tem como objetivo a reabilitação e reintegração, do deficiente no trabalho, bastando para tanto, contatá-las.
5. Na Escola:
• Criança com olhos irritados que esfrega as mãos neles, aproxima muito pra ler ou escrever, manifesta dores de cabeça, tonturas, sensibilidade excessiva à luz, visão confusa, deve ser encaminhada a um oftalmologista.
• Todo deficiente visual, por amparo legal, pode freqüentar escola da rede regular de ensino (público ou particular).
• Se a criança enxerga pouco deverá estar na primeira fila, no meio da sala ou com distância suficiente para ler o que está escrito no quadro, fale o que escrever nele.
• A incidência de reflexo solar e, ou luz artificial no quadro negro, devem ser evitadas.
• Trate a criança deficiente visual normalmente, sem demonstrar sentimentos de rejeição, subestimação ou superproteção.
• Todos podem participar de aulas de Educação Física e Educação Artística. Use o próprio corpo do deficiente visual para orientá-lo.
• Trabalhos de pesquisa em livros impressos em tinta podem ser feitos em conjunto com colegas de visão normal.
Conclusão
Por falta de conhecimentos, muitos têm dificuldades no relacionamento com pessoas cegas. Desejam ajudar, mas não sabem como fazê-lo. Bem intencionados, muitos querem ajudar demais e com isto criam dificuldades e sérios embaraços aos cegos. Esperamos que as sugestões ou “dicas” enumeradas anteriormente possam orientá-lo a relacionar-se com a pessoa deficiente da visão.
“Se a metade do dinheiro hoje gasto em curar a cegueira fosse usado em preveni-la, a sociedade ganharia em termos de economia, sem mencionar condições de felicidade para a humanidade.”
“Que toda criança cega tenha oportunidade de receber educação, e todo adulto cego uma oportunidade para treinamento e trabalho útil.”
BIBLIOGRAFIA
MINISTÉRIO DA AÇÃO SOCIAL. Como você deve comporta-se diante de uma pessoa que... Brasília. CORDE. 1994.
CUTSFORTH, T. O cego na escola e na sociedade. Campanha Nacional de Educação de Cegos. Brasília, 1969.
MASINI, Elsie S. O Perceber e o relacionar-se do deficiente visual. Brasília. Ministério da Justiça. CORDE., 1994.
Ser Tribeiro é...
Estar no dia 14/11/2011 no meio do feriado, às 9:00 da manhã, ensaiando na Escola, completamente vazia...
A Sociedade do Futuro será sustentada por dois pilares: Responsabilidade e Respeito. Nenhuma Constituição, nenhum Código, nenhuma Lei ou Regra precisará existir se esses pilares forem assumidos. Responsabilidade é o atendimento daquilo que esperam do papel que você assumiu. Respeito é não ultrapassar os seus limites e aceitar os dos outros.
Alvaro Granha Loregian
A Sociedade do Futuro será sustentada por dois pilares: Responsabilidade e Respeito. Nenhuma Constituição, nenhum Código, nenhuma Lei ou Regra precisará existir se esses pilares forem assumidos. Responsabilidade é o atendimento daquilo que esperam do papel que você assumiu. Respeito é não ultrapassar os seus limites e aceitar os dos outros.
Alvaro Granha Loregian
sábado, 12 de novembro de 2011
"Tenho visto as pessoas tornarem-se frequentemente neuróticas quando se contentam com respostas erradas ou inadequadas para as questões da vida.
Elas buscam posição, casamento, reputação, sucesso externo ou dinheiro, e continuam infelizes e neuróticas mesmo depois de terem alcançado aquilo que tinham buscado. Essas pessoas encontram-se em geral confinadas a horizontes espirituais muito limitados. Sua vida não tem conteúdo ou significado suficientes. Se têm condições para ampliar e desenvolver personalidades mais abrangentes sua neurose costuma desaparecer."
Carl Jung
Não tenho culpa se meus dias têm sido completamente coloridos e os outros cismam em querer borrar as cores. Não tenho culpa se meu sorriso é de verdade e acontece por motivos bobos, mas bem especiais. Não tenho culpa se meus passos são firmes. Não sou perfeita... Eu tropeço e caio de vez em quando, aliás, eu caio muito. E no meu mundo mais lindo e completo não consigo entender a existência de algumas pessoas. Mas o mundo aqui não é dos mais justos mesmo... Compreendo. Mas mesmo assim, eu tenho bastante lápis de cor, e empresto pra quem quiser colorir um pouco a vida.
Mas por favor: Não tentem borrar a minha, vão perder tempo ...
Clemente Marzec.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Super heróis
Projeto de História - 8ªs séries: professora Rosana
Cada um de nós é o astro, o herói e o
protagonista de nossa própria história.
A melhor forma de viver é lançarmos
nossas próprias decisões
e seguirmos nossas próprias convicções.
Cada qual deve sentir-se livre para ser o que é.
Preocupar-se demasiadamente
com o que os outros pensam
jamais fará uma pessoa feliz.
Daisaki Ikeda
Cada um de nós é o astro, o herói e o
protagonista de nossa própria história.
A melhor forma de viver é lançarmos
nossas próprias decisões
e seguirmos nossas próprias convicções.
Cada qual deve sentir-se livre para ser o que é.
Preocupar-se demasiadamente
com o que os outros pensam
jamais fará uma pessoa feliz.
Daisaki Ikeda
Respeito
"Respeitar a visão do outro, em qualquer aspecto, é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter. 'As pessoas são diferentes, agem diferente, e pensam diferente.
O POETA E AS MODERNIDADES - Giovani França Pereira
Álvares de Azevedo era um grande poeta. Ele gostava de escrever e de pensar na morte. Um dia algo extraordinário acontece e ele vai parar em no futuro.
Era noite. Eu estava sentado em frente a uma mesa lendo e escrevendo vi uma luz esquisita vindo na minha direção. Nem bem a enxerguei, tudo em volta de mim começou a rodar, rodar e rodar cada vez mais rápido. Acabei ficando tonto, caí ao chão e apaguei.
Acordei no meio de uma praça bem movimentada. Tentei entender o que havia acontecido mas não compreendi nada.
Então, levantei-me e resolvi caminhar. À medida em que andava, avistei coisas muito interessantes. Olhei para um lado e dei de cara com um homem segurando um objeto pequeno, quadrado com alguns botões; para completar, em cada uma de suas orelhas vi alguma coisa redonda e pequena seguida por um fio que se ligava ao pequeno objeto quadrado. Ao me aproximar lhe perguntei o que era aquilo. Fiquei admirado quando ele respondeu que era um rádio pequeno conhecido por todos como um mp3 e fiquei ainda mais surpreso quando completou que ouvia as músicas pelos assim chamados fones de ouvido.
Continuei a andar e a observar os estranhos objetos. Entrei num lugar com o nome de loja. Ali acabei conhecendo outros equipamentos tais como a televisão, o computador, aparelhos de DVD, enfim, tudo isso e mais um pouco.
Pedi a um dos atendentes para ligar a televisão. Fiquei impressionado e curioso. Ao me entregar o controle, o rapaz mostrou-me e explicou-me as funcionalidades de cada botão.
No canal em que eu havia colocado estava passando uma reportagem muito forte. O jornalista anunciou: “Uma Grande Descoberta! Pesquisadores encontraram um corpo de um homem caído no chão do apartamento em que mora. O mais estranho é que eles calculam que o corpo tenha mais de 200 anos de idade. Este homem foi um grande poeta. Vejam o retrato.”
Naquele momento saí correndo feito doido, pois vi a mim mesmo. Continuei correndo. Nisso, tropecei e tudo sumiu.
Estava deitado no chão. Lentamente me levantei, recolhi a caneta com a qual escrevia e sentei-me diante da mesa refletindo: “será que o futuro será como acabei de ver?!”
Embora não saibamos como será o futuro, temos de nos preparar para aquilo que nos aguarda.
Giovani França Pereira participou do Recriar Textos e foi premiado em 1º Lugar na categoria: Prosa
- Categoria 3
Era noite. Eu estava sentado em frente a uma mesa lendo e escrevendo vi uma luz esquisita vindo na minha direção. Nem bem a enxerguei, tudo em volta de mim começou a rodar, rodar e rodar cada vez mais rápido. Acabei ficando tonto, caí ao chão e apaguei.
Acordei no meio de uma praça bem movimentada. Tentei entender o que havia acontecido mas não compreendi nada.
Então, levantei-me e resolvi caminhar. À medida em que andava, avistei coisas muito interessantes. Olhei para um lado e dei de cara com um homem segurando um objeto pequeno, quadrado com alguns botões; para completar, em cada uma de suas orelhas vi alguma coisa redonda e pequena seguida por um fio que se ligava ao pequeno objeto quadrado. Ao me aproximar lhe perguntei o que era aquilo. Fiquei admirado quando ele respondeu que era um rádio pequeno conhecido por todos como um mp3 e fiquei ainda mais surpreso quando completou que ouvia as músicas pelos assim chamados fones de ouvido.
Continuei a andar e a observar os estranhos objetos. Entrei num lugar com o nome de loja. Ali acabei conhecendo outros equipamentos tais como a televisão, o computador, aparelhos de DVD, enfim, tudo isso e mais um pouco.
Pedi a um dos atendentes para ligar a televisão. Fiquei impressionado e curioso. Ao me entregar o controle, o rapaz mostrou-me e explicou-me as funcionalidades de cada botão.
No canal em que eu havia colocado estava passando uma reportagem muito forte. O jornalista anunciou: “Uma Grande Descoberta! Pesquisadores encontraram um corpo de um homem caído no chão do apartamento em que mora. O mais estranho é que eles calculam que o corpo tenha mais de 200 anos de idade. Este homem foi um grande poeta. Vejam o retrato.”
Naquele momento saí correndo feito doido, pois vi a mim mesmo. Continuei correndo. Nisso, tropecei e tudo sumiu.
Estava deitado no chão. Lentamente me levantei, recolhi a caneta com a qual escrevia e sentei-me diante da mesa refletindo: “será que o futuro será como acabei de ver?!”
Embora não saibamos como será o futuro, temos de nos preparar para aquilo que nos aguarda.
Giovani França Pereira participou do Recriar Textos e foi premiado em 1º Lugar na categoria: Prosa
- Categoria 3
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
MATEMÁTICA PARA DEFICIENTES VISUAIS:Nossa Habilidade em Resolver “Problemas”
O tempo passa e o homem tenta buscar soluções ainda mais precisas para os problemas... Não me refiro aqui aos problemas do dia-a-dia, como organizar a agenda, enfrentar um congestionamento, arrumar a casa, cuidar dos filhos, negociar dívidas ou cronometrar o tempo para dar conta de realizar todas as tarefas pendentes ou rotineiras. O fato, no entanto, seria resolver de forma mais simplificada aqueles problemas absurdos, os quais fazem parte dos dias letivos de qualquer escola. Talvez a falta de objetividade do ensino da matemática que a torna tão fantasmagórica entre a maioria dos estudantes. Por isso, mesmo não sendo nenhuma especialista em ciências exatas, decidi abordar a matemática, sobretudo como tal disciplina pode ser encarada de forma mais suave, principalmente no trabalho com deficientes visuais.
Sabemos que na falta da visão, quem entra em ação são os sentidos latentes, que precisam ser estimulados e valorizados no momento do aprendizado, buscando suprir tais defasagens. Muitas vezes não é possível fazer abstrações de imediato. A princípio elas não têm um significado, já que só podemos abstrair daquilo que já representa um conceito formulado, dispondo de referências e interpretações próprias às experiências. Utilizar jogos em relevo, materiais concretos, referências e associação a outras situações de relevância pode ser uma boa saída para que a matemática surja como um momento de descobertas prazerosas para o deficiente visual. Importante lembrar que, durante todo o processo de ensino/aprendizagem da matemática o uso do soroban é essencial, não apenas como registros mas, acima de tudo, para dar igualdade de oportunidades a todos os alunos, sem que para isso, o cálculo mental seja a única alternativa. Antes do uso do soroban para o ensino da matemática entre os deficientes visuais, suas ações eram restritas a memorização, cuja estratégia de cálculo mental os excluía as possibilidades de resolução dos problemas em provas, concursos, vestibulares. Hoje a utilização dessa técnica, aliada ao sistema Braille merece grande destaque quanto sua funcionalidade e aplicação, o que resultou na publicação de uma portaria nº.1.010, do Ministério da Educação, de 11/05/2006, instituindo o soroban, contador mecânico adaptado para pessoas com deficiência visual, nos sistemas de ensino do País em todos os níveis.
O soroban, aparelho de cálculos usado há muitos anos no Japão, pode ser considerado uma máquina de calcular de grande rapidez, permitindo registros e operações de forma mais simples. Sua principal vantagem está na escrita de números, sendo um dos métodos ideais para o ensino da matemática aos deficientes visuais. Com ele os alunos aprendem concretamente os fundamentos da matemática, as quatro operações, as ordens decimais e seus valores, e até cálculos mais complexos. Este recurso favorece a integração e interação entre os alunos cegos e de visão normal, pela possibilidade de acompanhar o ritmo das atividades desenvolvidas em classes comuns e no dia-a-dia.
Ao contrário das calculadoras, cujos resultados são automatizados, o soroban permite um cálculo mecânico, em que os resultados dependem, exclusivamente, de todo o processo. Sendo assim, qualquer falha durante a execução resultaria em erros. Por outro lado, o soroban por si só não resolveria todas as pendências de uma matemática mal conduzida. Para tornar-se um método eficaz, sua utilização precisa aliar-se ao código braile e suas particularidades.
O Código braile criado em 1825, na França, por Louis Braille, veio quebrar a barreira da acessibilidade do deficiente visual a escrita convencional e, desde então tem sofrido alterações a fim de aprimorá-lo e abranger cada vez mais representações. Assim em 1997 surgiu o código unificado de matemática, cujas últimas alterações feitas em 2003 trouxeram ainda mais possibilidades, inclusive representações para geometria, e cálculos mais elaborados.
Uma atitude muito comum entre os profissionais, na tentativa de ensino da matemática para os deficientes visuais seria, as exigências da semelhança entre o que se escreve em tinta para o Braille, como por exemplo, os algoritmos... Como montar e realizar uma operação em braile? Essa semelhança só afastaria as possibilidades de uma resolução bem sucedida e, justamente para suprir essa lacuna, as estratégias alternativas entram em ação. As atividades podem e devem ser anotadas em braile, obedecendo a suas especificidades: as expressões sempre na horizontal, pois a movimentação das mãos, a disposição da informação no papel, tanto na escrita quanto na leitura influenciam, de forma significativa, a compreensão e execução da atividade proposta. Acompanhar as anotações para executá-las em outro plano, utilizando soroban, jogos em relevo, materiais adaptados, é a garantia da qualidade do processo.
Uma das melhores alternativas de trabalho que pode ser realizada paralelamente ao uso do Braille e do soroban tem sido o material dourado, por permitir uma compreensão mais concreta das operações, quantidade, trocas, e, por proporcionar um contato mais direto e uma mobilidade entre as peças. Desenhos com contornos em relevo, peças de dominó, dados, cartelas de bingo, lousas magnéticas, e até mesmo formas que representam a “cela” braile são possibilidades ricas a serem exploradas, reforçando o fato de estarem todas em relevo ou com cores contrastantes, no caso de baixa visão. Assim podemos fazer da matemática um momento para explorar não apenas seus “problemas”, mas oferecer uma solução muito mais harmoniosa e compatível a cada realidade, partindo das adaptações para cada necessidade e situação.
Texto: Luciane Molina em Espaço Braille" - acessibilidade, informática e Educação Inclusiva
Sabemos que na falta da visão, quem entra em ação são os sentidos latentes, que precisam ser estimulados e valorizados no momento do aprendizado, buscando suprir tais defasagens. Muitas vezes não é possível fazer abstrações de imediato. A princípio elas não têm um significado, já que só podemos abstrair daquilo que já representa um conceito formulado, dispondo de referências e interpretações próprias às experiências. Utilizar jogos em relevo, materiais concretos, referências e associação a outras situações de relevância pode ser uma boa saída para que a matemática surja como um momento de descobertas prazerosas para o deficiente visual. Importante lembrar que, durante todo o processo de ensino/aprendizagem da matemática o uso do soroban é essencial, não apenas como registros mas, acima de tudo, para dar igualdade de oportunidades a todos os alunos, sem que para isso, o cálculo mental seja a única alternativa. Antes do uso do soroban para o ensino da matemática entre os deficientes visuais, suas ações eram restritas a memorização, cuja estratégia de cálculo mental os excluía as possibilidades de resolução dos problemas em provas, concursos, vestibulares. Hoje a utilização dessa técnica, aliada ao sistema Braille merece grande destaque quanto sua funcionalidade e aplicação, o que resultou na publicação de uma portaria nº.1.010, do Ministério da Educação, de 11/05/2006, instituindo o soroban, contador mecânico adaptado para pessoas com deficiência visual, nos sistemas de ensino do País em todos os níveis.
O soroban, aparelho de cálculos usado há muitos anos no Japão, pode ser considerado uma máquina de calcular de grande rapidez, permitindo registros e operações de forma mais simples. Sua principal vantagem está na escrita de números, sendo um dos métodos ideais para o ensino da matemática aos deficientes visuais. Com ele os alunos aprendem concretamente os fundamentos da matemática, as quatro operações, as ordens decimais e seus valores, e até cálculos mais complexos. Este recurso favorece a integração e interação entre os alunos cegos e de visão normal, pela possibilidade de acompanhar o ritmo das atividades desenvolvidas em classes comuns e no dia-a-dia.
Ao contrário das calculadoras, cujos resultados são automatizados, o soroban permite um cálculo mecânico, em que os resultados dependem, exclusivamente, de todo o processo. Sendo assim, qualquer falha durante a execução resultaria em erros. Por outro lado, o soroban por si só não resolveria todas as pendências de uma matemática mal conduzida. Para tornar-se um método eficaz, sua utilização precisa aliar-se ao código braile e suas particularidades.
O Código braile criado em 1825, na França, por Louis Braille, veio quebrar a barreira da acessibilidade do deficiente visual a escrita convencional e, desde então tem sofrido alterações a fim de aprimorá-lo e abranger cada vez mais representações. Assim em 1997 surgiu o código unificado de matemática, cujas últimas alterações feitas em 2003 trouxeram ainda mais possibilidades, inclusive representações para geometria, e cálculos mais elaborados.
Uma atitude muito comum entre os profissionais, na tentativa de ensino da matemática para os deficientes visuais seria, as exigências da semelhança entre o que se escreve em tinta para o Braille, como por exemplo, os algoritmos... Como montar e realizar uma operação em braile? Essa semelhança só afastaria as possibilidades de uma resolução bem sucedida e, justamente para suprir essa lacuna, as estratégias alternativas entram em ação. As atividades podem e devem ser anotadas em braile, obedecendo a suas especificidades: as expressões sempre na horizontal, pois a movimentação das mãos, a disposição da informação no papel, tanto na escrita quanto na leitura influenciam, de forma significativa, a compreensão e execução da atividade proposta. Acompanhar as anotações para executá-las em outro plano, utilizando soroban, jogos em relevo, materiais adaptados, é a garantia da qualidade do processo.
Uma das melhores alternativas de trabalho que pode ser realizada paralelamente ao uso do Braille e do soroban tem sido o material dourado, por permitir uma compreensão mais concreta das operações, quantidade, trocas, e, por proporcionar um contato mais direto e uma mobilidade entre as peças. Desenhos com contornos em relevo, peças de dominó, dados, cartelas de bingo, lousas magnéticas, e até mesmo formas que representam a “cela” braile são possibilidades ricas a serem exploradas, reforçando o fato de estarem todas em relevo ou com cores contrastantes, no caso de baixa visão. Assim podemos fazer da matemática um momento para explorar não apenas seus “problemas”, mas oferecer uma solução muito mais harmoniosa e compatível a cada realidade, partindo das adaptações para cada necessidade e situação.
Texto: Luciane Molina em Espaço Braille" - acessibilidade, informática e Educação Inclusiva
terça-feira, 8 de novembro de 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Sem Limites para Aprender e Conviver - Marta Gil.
Pessoas com deficiência, qualquer que seja ela, deparam-se frequentemente com o "não", palavra curta, forte e que se pretende definitiva. O "inventário do não" é feito de maneira instantânea; basta um olhar e lá vêm as frases fatídicas: "não pode", "não vai dar certo", "não faça". E as justificativas - quando são dadas - também se baseiam no "não": "É porque ele/ela não vê, ou não ouve, ou não anda, ou não tem uma perna, ou não tem raciocínio ou não está preparado".
Assim, o limite ou a dificuldade que a pessoa tem - ou que o outro acha que ela tem, melhor dizendo - é reforçado e aumentado, pois recebe o peso do descrédito ou da negação de sua capacidade.
Parece que não ocorre, para aquele que diz o "não", que o ser humano tem uma capacidade infinita, que lhe permite criar, ousar, procurar outros caminhos, talvez ainda não pensados. E daí, alguém tem que ser o primeiro, não?
E a tecnologia, então? A cada dia ela nos surpreende ampliando nossa capacidade, nossa força, nossos sentidos. Ela é uma ferramenta poderosa para derrubar o "não".
As pessoas com deficiência intelectual vivenciam o "não" de uma forma ainda mais enfática, vindo de suas famílias, professores, profissionais, enfim, da sociedade como um todo, que as coloca sob tutela, de direito ou de fato.
Porém, esse cenário está mudando radicalmente, como demonstram Didi, Samuel Sestaro, Fernanda Honorato, Bia Paiva, Thiago Rodrigues, Mariana Amato, Breno Viola, João Vitor Mancini e outros, que assumem suas vidas, que sabem o que querem e lutam para consegui-lo, como todos nós.
Dificuldades, quem não as tem? Apoio, quem não precisa? Eles mostram, na prática, que os limites estão cada vez mais tênues, cada vez menos impeditivos, pois a Inclusão avança e abre espaços cada vez mais amplos, envolvendo cada vez um número maior de pessoas - a ciranda cresce, outras pessoas vão chegando e se somam às outras.
Para dar conta das novas demandas, métodos são desenvolvidos, pesquisas são feitas; o conhecimento avança. As cidades se preparam para acolher com dignidade seus habitantes que até então eram "invisíveis" e se tornam lugares bons e agradáveis para todos.
Essas e muitas outras mudanças só se concretizam porque as pessoas com deficiência - e nesse caso falamos especificamente daquelas com deficiência intelectual - estão presentes. Todos aprendemos, porque todos com-vivemos.
Elas afirmam, em voz cada vez mais forte: "Sim, nós podemos!"
Marta Gil - Socióloga, consultora na área da Deficiência, coordenadora Executiva do Amankay.
www.amankay.org.br
Preconceito e Discriminação - Marta Gil.
Reza a lenda que Calorias são seres minúsculos, praticamente invisíveis, que se escondem nos armários (têm preferência pelos femininos) e trabalham a noite toda apertando as roupas.
Os Preconceitos são seres com características semelhantes de tamanho e invisibilidade, que formam uma família grande, com outro traço em comum: a violência, moral ou física.
Alguns Preconceitos circulam livremente à luz do sol, pois não têm medo de serem vistos. Acham que têm razão e por isso se mostram. São truculentos e valentões. Massacram quem não concorda com seus pontos de vista, pois não têm argumentos que resistam à reflexão ou à comprovação. Reproduzem-se de forma exuberante especialmente em algumas épocas da História, em diferentes lugares. Basta lembrar da prima Eugenia, que reinou absoluta na Alemanha nazista , nos primos Apartheid da África do Sul, nos diversos momentos de escravidão, que se apoiaram no ramo do Racismo. A geração mais jovem, os Bullying, está na crista da onda; mas, na verdade, eles estão por aí desde sempre, só modernizaram seu nome e estão mais conhecidos.
Outros Preconceitos, mais próximos das Calorias, se escondem em locais escuros e improváveis. São mestres do disfarce. Parecem inocentes e têm cara de bonzinho, o que dificulta sua identificação. Lembram o Gato do Shrek, que tem aquele olhar meigo, carente...e de repente mostra as garras. É difícil identificá-los e desmascará-los. Estão em toda a parte, mas têm predileção por escolas e empresas, por conta das mudanças sociais. Assumem diversas identidades, da sutil à declarada.
Recentemente um Preconceito foi detectado em uma escola, que recebeu uma criança com síndrome de Down e, um belo dia, soltou um flato, coisa que ocorre com todos nós. Mas o Preconceito estava ligadão e não ia perder esta oportunidade de ouro! Fez as professoras ligarem para a mãe, que saiu correndo de seu trabalho, passou em casa para pegar uma muda limpa de roupas e voou para a escola. Chegando lá, viu seu filho feliz e brincando: tinha sido só um flato, sem maiores consequências. Se fosse outra criança, sem deficiência, o Preconceito não teria esta oportunidade e não ficaria tão satisfeito consigo mesmo.
Alguns Preconceitos são musicais e podem ser encontrados em marchinhas de Carnaval ("Eu sou o pirata da perna de pau, do olho de vidro, da cara de mau") ou em sambas ("Nega do cabelo duro, qual é o pente que te penteia", "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé", "Como a cor não pega, mulata, mulata quero teu amor") e outros. Este é um ramo da família extremamente resistente, pois fica na cabeça das pessoas, que saem cantarolando e os reproduzem, sem serem percebidos.
Outro ramo da família dos Preconceitos se estabeleceu no Reino da Carochinha, onde o diferente, o que não é como todos, mora no coração da floresta, como os 7 anões, que formam uma comunidade fechada e desconhecida. Alguns são malvados, como o Capitão Gancho. No Reino da Literatura Clássica o disforme, o que-não-é-como-os outros, também vive escondido e envergonhado, como o Corcunda de Notre Dame ou o Fantasma da Ópera. Ou é um ser amargo e atormentado, como o Capitão Ahab, que persegue Moby Dick incessantemente, considerando-a culpada por ter ficado sem sua perna.
Paula Maciel, da Argentina, é especialista em um grupo de Preconceitos, as "frases assassinas", que recebem este nome por seu poder de imobilizar as pessoas e inviabilizar ações, matando-as antes que nasçam. "Falei que não ia dar certo", "É melhor não mudar", "Não temos recursos" são dignos e eficientes representantes da família.
Como o Preconceito Começou?
Segundo alguns estudiosos, ele está conosco desde o início da Humanidade. Entendem que ele teve um papel fundamental para garantir nossa sobrevivência enquanto espécie.
O que é o Pré-conceito?
É a capacidade de formar juízos (conceitos) e tomar decisões muito rapidamente. Imagine um grupo de homínidas à procura de alimento em um ambiente hostil. Estão famintos e encontram um fruto. É preciso decidir: é de comer? É venenoso? Come com a casca? E o caroço? Parece com outro que já comeu? Se sim, como se sentiu depois? Se não decidir e agir rapidamente, o outro rouba o fruto - ou continua com fome. Situações semelhantes aconteciam quando o grupo se deparava com outro grupo de homínidas ou com um animal. Assim, o ser humano desenvolveu a habilidade de criar classificações e aplicá-las imediatamente.
Os tempos mudaram, mas o ser humano conservou esta capacidade que já não é útil para a sobrevivência. As pessoas continuam a ser classificadas: gordos são alegres e gostam de contar piada; negros gostam de samba e futebol; surdos são irritadiços; loiras são burras. Estas classificações são perversas: como que colocam um espelho na frente das pessoas rotuladas e dizem: "Você é isso". "Esperamos que faça isso ou aquilo".
Estas expectativas são moldes que limitam as pessoas, seus talentos e habilidades. Restringem o nosso olhar e procuram restringir o olhar da própria pessoa, que muitas vezes acredita que só é aquilo que a sociedade diz, só vê o que o espelho mostra.
Como acabar com a família dos Preconceitos?
É mais difícil do que acabar com as Calorias. Estas requerem mudança de hábitos alimentares e exercícios físicos, na maioria das vezes. Contra os Preconceitos é preciso jogar a luz da Informação sobre eles, que não a toleram e saem desabalados. Assim, abrem caminho para que a Inclusão chegue e ocupe o espaço onde eles estavam.
Se eles vão voltar?
Sem dúvida nenhuma, muitas e muitas vezes. São resistentes e teimosos estes monstrinhos. Afinal, por muitos anos ficaram no "bem bom", tendo do bom e do melhor. E os seres humanos, seus hospedeiros, também resistem às mudanças, pois mudar dá trabalho. Porém, uma coisa é certa: a cada vez que a Informação os ilumina e os desmascara, eles se enfraquecem e a Inclusão conquista mais adeptos e espaços. Até que um dia....
Marta Gil é socióloga, consultora na área da Deficiência e Coordenadora Executiva do Amankay - Instituto de Estudos e Pesquisas
sábado, 5 de novembro de 2011
O DOSVOX* EM MINHA VIDA - Leniro Alves
Quando soube que estavam solicitando depoimentos para saber como o DOSVOX teria mudado a vida de seus usuários, interessei-me em prestar o meu, mas, me faltava a solução para um problema: não gostaria de me identificar. Por que? Os que se derem ao trabalho de ler vão entender com certeza. Até que surgiu este "amigo" que por não poder honrar certa dívida que tem para comigo, resolveu ante proposta, que lhe fiz, visando perdoá-la, emprestar-me o nome para que pudesse eu contar minha história. (Vejam que até para pagar dívidas, ele apenas empresta). Mas, esqueçamos este indivíduo e vamos à história:
- DOSVOX, o que você deseja?“.
Esta pergunta me persegue desde o dia em que a ouvi pela primeira vez. Percebi que, para ouvi-la por iniciativa própria, deveria antes mesmo de ter um computador, dominar o teclado da máquina de escrever. Daí, quando disse lá em casa que iria entrar numa aula de datilografia, ante o par de perguntas: - "pra quê?" "E como você vai saber aonde estão as teclas?" - dei apenas uma resposta:
- É que, diferentemente das coisas aqui em casa, as teclas estão todos os dias no mesmo lugar.
Considero importante dizer que me casei muito cedo e entendo que, como minha mulher nunca tinha visto um cego, muito menos eu uma vidente, ficamos encantados um com o outro. Tenho a impressão de que ela confundiu a admiração que sentiu por mim, quando viu que apesar de ser cego, eu podia falar, andar, rir, etc, principalmente etc com paixão. E eu, por minha vez, fiquei apaixonado pela paixão que ela sentiu por mim.
Diante da minha resposta, considerada mal criada como a maioria delas, esqueceu-se da outra pergunta e fui deixado em paz quanto às aulas que, provavelmente, foram colocadas na conta de mais uma maluquice minha, mais uma daquelas coisas que gostava de fazer e que não serviam para nada - segundo a opinião dos lá de casa - como a prática do rádio amadorismo, por exemplo. É bem verdade que, às vezes, eu gritava tanto que cheguei a pensar que o rádio seria dispensável, que o cara ia acabar me ouvindo aonde quer que ele estivesse. Em compensação, tive a vantagem de, de lá para cá, nunca mais ter ficado rouco. Infelizmente, minha mulher não percebia essas vantagens e implicava com o meu inofensivo passatempo. Assim é que acabou sendo para ela mais conveniente esquecer-se de questionar a razão pela qual iria eu entrar para uma aula de datilografia. Com certeza, ela deve ter pensado que o barulho das teclas lhe daria menos dor de cabeça. E com o objetivo de um dia dedilhar e poder ler/ouvir o por mim escrito, já que conhecera o DOSVOX através de, esse sim, um amigo, dediquei-me àquelas aulas. Em pouco tempo, (não tão pouco assim, mas, também não tanto!), estava dominando razoavelmente o teclado. Ali Estava o primeiro resultado do meu entusiasmo com o DOSVOX.
Na verdade, fui me entusiasmando com ele aos poucos. Meu amigo foi me mostrando o que conseguia fazer com toda aquela parafernália e, talvez, por distração, (frise-se que o sentido pretendido é _por distração mesmo!), resolvi adquirir o tal do computador. Quando dei a notícia em casa, o terremoto não veio de pronto, mas, já foi se desenhando:
- "E pra que você quer isso?"
Na verdade, eu mesmo não sabia bem pra que. Contudo, se até então sofrera com a acusação dos mais diversos acusadores, de não querer nada... Pronto, finalmente, resolvera querer alguma coisa!
- "Mas, e a enceradeira nova, e a televisão que está precisando de outra, e a obra do banheiro? Etc... Etc..."
Nunca respondi a tais perguntas. Ou por outra, respondi com a chegada, um dia lá em casa, do computador que veio por mãos indicadas pelo tal amigo. E eu que até então me contentara em não querer nada, ouvindo meu radinho e/ou assistindo os jornais da TV, sem falar no já citado diálogo com meus macanudos (forma de se chamarem uns aos outros dos usuários do PX, uma faixa de rádio amador), eu entrava ali numa nova vida.
Diante daquela pergunta - , “DOSVOX, o que você deseja?" - via-me tendo que desejar alguma coisa e fui desejando... Desejei jogar o jogo dos palitinhos (coisa que sempre fiz, mas, de outra forma e com outro nome). Desejei jogar o jogo da forca, e lá ia eu, desejando e jogando. Então, já não podiam dizer que eu não queria nada!
De desejo em desejo, fui descobrindo outros. Descobri que podia ler e/ou escrever a hora que me desse na telha. Só não podia, então, ler o que quisesse, mas, o que tinha disponível. Até que desejei a tal da Internet. Desejei porque sempre quis ler jornais. Não só jornal, é claro, mas, quando ia ao trabalho, antes de me aposentar, sempre invejei meus colegas que ficavam lendo jornal. Dizia-se que eles, os que ficavam lendo jornais, não queriam nada, mas eu queria. Queria ler jornais!
Consegui, com muito custo, primeiro ter o tal computador, o telefone e ligar um no outro. Isso ajudado e incentivado por meu amigo que, cada vez mais se tornava inimigo da minha mulher. Não sei a qual dos dois ela detestava mais, se a ele ou ao computador! Fato é que fui desejando e daí há pouco, estava, imaginem, trocando cartas (e-mails) com pessoas e eu mesmo podendo ler e escrever e podendo ser lido por qualquer um! (inclusive por minha mulher se ela o soubesse).
Aquilo havia sido um desejo meu tão remoto que já nem me lembrava que o tivera. E ainda não era nada diante do que estava por vir. Não é que, quando ainda nem havia curtido devidamente o embevecimento por estar trocando e-mails, já me surgia a possibilidade de ler jornais! Infelizmente, não no trabalho como meus colegas de então. Isso me fez tomar mais uma decisão: me aposentaria, como de fato o fiz. Outra notícia que caiu como uma bomba aonde já estava se dando o terremoto, exatamente no mesmo lugar onde antes havia sido meu mais ou menos tranqüilo lar.
Após a calmaria gerada pelas compras que fiz com o dinheiro que me veio às mãos quando da aposentadoria, a coisa explodiu de vez, após ter descoberto o PAPOVOX** e por conta de uma paixão imprevista (como qualquer outra, embora aquela fosse um pouco mais por conta de meus, então, 27 anos de casado). Anunciei que faria uma viagem. Minha mulher disse que iria comigo, o que foi prontamente contestado por mim que contra argumentei que me seria impossível arcar com duas passagens de avião a Manaus ida e volta. Se bem que, indo sozinho, não tinha a certeza de que voltaria dado o fogo e o tamanho da paixão.
- "E que diabos vai você fazer em Manaus!?" - perguntou-me ela, para o que, disse-lhe que ia conhecer um amigo que havia feito através do PAPOVOX. E, papo vai, papo vem, ela me deu a sentença definitiva: - "se você for, pode voltar para casa de sua mãe! Suas coisas vão estar todas lá".
Achei ótimo não ter que me preocupar com mudanças, embora já estivesse completamente mudado e comprei minha passagem de ida para Manaus. Conheci a Lúzi no PAPOVOX, não com esse apelido, é claro. Para falar a verdade, em princípio, não me senti atraído pelo PAPOVOX porque achava mais confortável meu rádio PX e mesmo o papo ao vivo. Mas, quando conheci a Luzimar, - por sinal que, quando ela me disse o nome, senti algo meio inexplicável, mas logo detectei que era por conta de certo trauma de infância, ou quase infância, pois este era o nome de um professor de matemática que tive e que me reprovou, pelo menos umas 3 vezes! - entendi o valor do PAPOVOX . Percebi que havia sido criado para nós!
Foi uma dessas paixões fulminantes que, de fato, mudaria minha vida. Não custei muito a decidir que iria conhecê-la pessoalmente. Poucas vezes nos falamos por telefone e sua voz embora um tanto, como direi, indefinida, me fez sentir que nossos espíritos eram irmãos. E lá fui eu, que até então havia viajado no máximo para campos, aqui no Rio de Janeiro mesmo, em minha primeira viagem de avião para Manaus encontrar a minha Lúzi (ela preferia que a tratasse assim) e Lúzi era mesmo mais bonitinho. Não sentia falta do mar do nome dela, pois mesmo em se tratando do outro, nossas relações nunca foram tão íntimas assim, embora sempre tenhamos estado tão próximos. Exatamente o contrário do que aconteceu com a Lúzi. Fomos ficando, apesar da distância, rápida e perigosamente íntimos. Naturalmente, minha expectativa era a de que nos tornássemos mais ainda quando nos encontrássemos.
Assim é que, chegando a Manaus, fui procurá-la no endereço para onde enviara um cd que lhe mandei de presente por ocasião do Natal. Não combinara com ela o dia de chegada, onde deveria procurá-la, nada disso, visto que minha decisão foi um tanto repentina e exigiu certa brevidade pelo ambiente gerado em meu lar de então. Apenas enviei-lhe um e-mail informando-lhe que, finalmente, iríamos nos conhecer pessoalmente. Expliquei-lhe, resumidamente, a razão da minha ida repentina e nem houve tempo de aguardar resposta, posto que minha mulher providenciou para que meu computador fosse desativado, bem como tudo mais que pudesse ser meu, para que o mais rapidamente possível pudessem tomar o rumo da casa da mamãe.
Quando perguntei pela Luzimar no endereço aonde cheguei de mala e cuia, (resolvi ir ao endereço antes mesmo de procurar um hotel com a esperança de que ela me convidasse para que ficasse ali mesmo), estranhei tanto o clima que se formou que não consigo nem definir bem qual tenha sido. As pessoas que me atenderam ficaram entre o que chamaria de assustadas e com certo ar cômico, sei lá. Se elas ficaram assustadas, imagine eu!
Minha surpresa começou quando me deparei com algo que me pareceu ser uma instituição, pois esperava encontrar uma simples casa, já que a Lúzi me dissera que morava sozinha. Depois de algum tempo, alguém me disse:
- Olha, na verdade, aqui não mora nenhuma Luzimar!
- como não mora nenhuma Luzimar?! Perguntei aparvalhado. Disse que havia mandado uma encomenda pelo correio, inclusive registrada, e que recebi a confirmação de que a mesma fora entregue ao destinatário. Pediram-me então para aguardar um pouco, pois o diretor não estava. Foi quando soube que ali, de fato, era uma instituição, local onde residiam alguns cegos. Eu disse cegos. Ou seja, ali residiam apenas homens.
Acho que meu cérebro, se já teve alguma coisa, se esvaziou naquele instante, pois não me lembro direito do meu estado até o momento em que o tal diretor chegou e, tendo sido posto a par do que houve, por alguns dos ali residentes, disse-me que, infelizmente, tudo aquilo havia sido fruto de um lamentável engano.Disse-me isso, antes mesmo que lhe dissesse eu a que viera. Foi logo me dizendo que havia sido prevenido por um dos residentes de que um outro havia, por brincadeira, se passado por mulher. Dizendo isso, chamou o tal Luzimar para que ele mesmo pudesse se explicar para mim.
O cara entrou e ficou em silêncio. Eu também não conseguia dizer nada. O diretor então tomou a iniciativa de nos apresentar. O cara ficou meio esquivo, não quis me estender a mão, com certeza com medo da minha reação que bem poderia ser agressiva, mas, acabou por fazê-lo e, inexplicavelmente, inclusive para mim mesmo, acho que a última coisa que faria ali seria ter uma reação agressiva. Estava era me sentindo (perdoem-me o termo mas, não há um outro que seja tão fiel!) um grande babaca, o maior do mundo! Como me deixara enganar assim! Como fora tão adolescente àquela altura da vida! E, assim ia pensando, quando ouvi a voz do cara dizer:
- "Puxa vida, cara, sei que isso é indesculpável, mas, pô, nunca imaginei que fosse dar nisso! Quis brincar. Talvez, tenha exagerado, mas..."
Ao que acrescentei:
- É, dei bobeira mesmo, devia ter sido mais maduro!
Foi quando o diretor que, então, apresentou-se bonachão disse:
- "Bom, espero que vocês saibam reconhecer onde erraram e que não levem isso a diante. Não há como desfazer o que está feito. Você está vindo do Rio, não é?"
Disse-lhe que sim e ele imediatamente me fez um convite para que permanecesse com eles, não ali mas, em sua casa. Estava tão estupidificado que não vi outra coisa a fazer que não aceitar. E foi ótimo. Fui muito bem acolhido por sua família. E por termos nos tornado amigos, conversamos bastante e meu espírito se desanuviou muito mais rapidamente do que supus a princípio. Relutei um pouco em voltar a tal instituição para conhecer os residentes, mas terminei por ir e fiz uma boa camaradagem com alguns, inclusive com o Luzimar, cujo nome mesmo nem era esse. A turma acabou por fazer muitas molecagens conosco e, na verdade, o cara era um tremendo boa praça e o espírito desportivo acabou prevalecendo tanto em mim quanto nele. Pude conhecer através deles algumas garotas e, se não surgiu nenhuma que me tivesse arrebatado tanto quanto a "Luzimar", ao menos deu pra tirar aquele gosto de ressaca da boca. E eu que, afinal de contas, não havia mentido para minha mulher, quando voltei, tive que ir mesmo para casa de minha mãe. O engraçado foi o comentário dela, quando lá cheguei:
- "Não falei que esse casamento não ia dar certo!"
Lá fiquei por um bom tempo.
E você ainda me pergunta: - "DOSVOX, o que você deseja?"
Desejo que você continue me perguntando sempre e me fazendo desejar cada vez mais, pois, tanto quanto navegar, desejar é preciso.
Magro.
(*) Sistema Operacional com síntese de voz criado e desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Dispõe de editor de texto, correio eletrônico, navegador na Internet entre outros programas e aplicativos utilizados por pessoas cegas.
(**) programa do DOSVOX com salas de bate papo.
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